A saúde é um conceito abrangente, envolvendo não apenas a ausência de doenças e o bemestar do indivíduo, mas todo o contexto social e cultural no qual este se encontra inserido; é
um valor social oriundo de condições básicas de alimentação, habitação, educação, renda,
meio ambiente, trabalho e acesso aos serviços de saúde. Nesse sentido, o processo de tomada
de decisão em saúde admite uma estrutura complexa, exigindo subsídios cada vez mais
consistentes com as necessidades da sociedade. Sendo assim, o estudo tanto de indicadores de
risco quanto de modelos de decisão em saúde pode favorecer a determinação de informações
mais condizentes, assim como estimar padrões efetivos das variáveis que mais influenciam as
condições de saúde da população. Dessa forma, a seguinte pesquisa objetiva a proposição de
um modelo com base na abordagem multicritério que estabeleça uma avaliação da conjuntura
mais favorável, em termos regionais, de indicadores de risco em saúde, de forma a possibilitar
um direcionamento mais efetivo na elaboração de ações e políticas públicas de saúde, bem
como viabilizar um melhor processo de tomada de decisão nesse âmbito. Assim, estabeleceuse, a priori, a construção e validação destes indicadores de risco em saúde sob a perspectiva
da prevenção, mediante a abordagem multivariada da análise fatorial (análise dos
componentes principais) e da análise de regressão múltipla, respectivamente. Para tanto,
utiliza como base de dados na determinação dos indicadores a PNS 2013, e para a validação
estabelece uma associação dos indicadores obtidos com a perspectiva da longevidade inerente
ao IDHM 2010. Ao todo seis indicadores foram estabelecidos: Índice de qualidade da
infraestrutura urbana, Índice de atendimento do programa ESF, Índice de tabagismo, Índice de
qualidade do consumo alimentar, Índice de alcoolismo e Índice de sedentarismo. Ambos
admitiram contornos preventivos e características regionais distintas em relação ao âmbito da
saúde, além disso , foram congruentes na associação em relação à longevidade, fato que
evidencia a validade destes construtos. Em relação ao modelo multicritério de avaliação dos
indicadores de risco em saúde, foi possível verificar que as regiões Sudeste e Centro-Oeste
admitem uma conjuntura global mais favorável de indicadores; enquanto as regiões Norte e
Nordeste apresentam os piores desempenhos globais dos indicadores de risco em saúde. Em
um escopo de avaliação individual das alternativas e critérios, observou-se a prevalência de
independência, em termos de preferência, entre a maioria dos critérios, assim como foi
possível verificar um direcionamento mais efetivo das decisões em relação ao Índice de
qualidade da infraestrutura urbana. Dessa forma, a avaliação destes indicadores de risco em
saúde, seja de forma agregada ou isolada, pode favorecer um processo de tomada de decisão
em saúde mais eficiente.