O hábito de autolimpeza é característico de gatos E como consequência disto o consumo de pelos é inevitável. Dessa maneira, a formação de bolas de pelos ocorre naturalmente nesta espécie e eventualmente pode causar distúrbios gastrointestinais como vômito, disquezia, constipação e obstrução intestinal. Atualmente as principais formas de prevenir este problema são a associação de manejo do animal e aumento no teor de fibras na dieta. Neste estudo, objetivou-se avaliar a inclusão de uma fibra insolúvel, associada ou não ao complexo de proteases contendo queratinase, na prevenção da formação de bolas de pelos em gatos, observando os efeitos do complexo enzimático, sobre a digestibilidade e energia metabolizável aparente da dieta e características fecais. O estudo foi dividido em duas etapas: pré-experimento e experimento. A fase pré-experimental foi realizada com o intuito de avaliar a atividade enzimática in vitro de quatro enzimas comerciais e selecionar a de maior desempenho para a realização do experimento com os animais. Também foi avaliada a atividade da enzima escolhida sobre o pelo e determinado suas melhores condições de atuação (concentração, pH, temperatura e tempo de hidrólise). O experimento foi conduzido em blocos ao acaso (2 blocos x 4 dietas x 3 repetições por bloco), com duração de 57 dias cada. As dietas experimentais constituíam-se de: controle (Co), baixa adição de fibra insolúvel e sem enzima; controle com enzima (Coenz); alta fibra (AF): com adição de 14,84% de fibra de cana e sem enzima; alta fibra com enzima (AFenz). A energia metabolizável das rações foi estimada de acordo com sua composição bromatológica e a quantidade fornecida foi calculada individualmente de acordo com as necessidades energéticas para gatos em manutenção. O consumo de cada animal foi mensurado diariamente. Para cada dieta, foram determinados os coeficientes de digestibilidade in vitro, a digestibilidade aparente (CDA) dos nutrientes e a energia metabolizável (EM), através da coleta total de fezes, sem coleta de urina. Para quantificação das bolas de pelos, as fezes dos animais foram coletadas em quatro momentos (dias -2 a 0; 15 a 17; 31 a 33 e 47 a 49). Durante as coletas dos tricobezoares e teste de digestibilidade in vivo, as fezes foram coletadas, avaliadas através do escore fecal e pesadas. A produção de fezes diária foi calculada. No teste in vitro, a enzima apresentou atividade sobre o pelo, porém, em altas concentrações. A temperatura e pH que a enzima apresentou melhor atividade foi em 55⁰C e 8, respectivamente. O consumo de MS foi maior (P = 0,005) para as dietas contendo alta inclusão de fibra de cana. A ingestão de EM não diferiu (P = 0,068) entre os tratamentos. A inclusão da enzima não teve efeito sobre o CDA dos nutrientes, da EB e da EM. A adição de alto nível de fibra de cana reduziu (P<0,05) o CDA de todos os nutrientes, EB e EM. A produção de fezes (P<0,05) aumentou com a inclusão de fibras. O escore fecal não diferiu entre as dietas (P = 0,236). A MS da fezes foi igual (P = 0,918) para todos os tratamentos. A adição de fibra insolúvel e enzima, separadamente, não reduziu o número médio total de bolas de pelos excretadas. No entanto, quando associadas, foi verificado a redução no número total médio de bolas de pelos excretadas (P = 0,0344). Não houve associação entre o tamanho de bolas de pelos excretadas em relação aos tratamentos (P = 0,3763).