Entre os anos de 1960 e 1970, um grupo de umbandistas se reuniu a fim de propor e estruturar
uma forma de compreender a Umbanda que diferia daquela defendida por alguns terreiros.
Neste grupo se inseria Woodrow Wilson da Matta e Silva, que publicou seu primeiro livro
intitulado “Umbanda de todos nós” (1956), no qual instituía as diretrizes dessa iniciativa.
Mais de quarenta anos depois, em 2003, é inaugurada em São Paulo (SP) a Faculdade de
Teologia Umbandista (FTU), dirigida por Francisco Rivas Neto, discípulo de Matta e Silva,
que disponibiliza o curso de graduação em Teologia com ênfase nas religiões afro-brasileiras,
reconhecido pelo Ministério da Educação e Cultura. O objetivo deste trabalho é procurar
compreender a possível relação entre a criação da Faculdade de Teologia Umbandista, em
2003, e um acontecimento, em 1915, que mais tarde viria a se tornar o Mito Fundador da
Umbanda. Trata-se da estória de Zelio de Moraes. Busquei, para tanto, traçar um breve
histórico da educação brasileira e a participação da religião neste processo, primeiramente.
Isso me serviu para compreender a influência direta ou indireta, a depender do momento
histórico e político do Brasil, da religião na educação nacional. Depois, fez-se necessário
fazer o mesmo com a Umbanda, isto é, traçar uma breve compreensão desta religião, desde
sua possível formação até desembocar, aproximadamente, em 2003, no ano da criação da
FTU. No terceiro momento, busquei uma conexão entre a história da educação brasileira e a
história da Umbanda para compreender a formação, estrutura e possível interpretação do
papel da FTU na atualidade. Novas leis de políticas raciais, iniciativas de movimentos sociais
de igualdade racial, foram alguns fenômenos que busquei utilizar para compreender em que
medida a Faculdade de Teologia Umbandista corresponde ou não a uma resposta aquele ideal
de Umbanda inaugurado W. W. da Mata e Silva. A metodologia adotada para a realização
deste trabalho consistiu em análise documental, caracterizando uma etnografia de arquivo na
qual legislações, Projeto de Desenvolvimento Institucional e literaturas diversas foram
utilizadas como apoio para as hipóteses articuladas.