A presente dissertação busca revelar os dilemas encontrados pelos coordenadores
pedagógicos, ao buscarem a formação de si mesmos e dos outros. Parte da tese segundo a
qual o coordenador pedagógico é o profissional responsável por desencadear na escola um
processo contínuo de formação em serviço, sendo que essa formação ocorre,
prioritariamente, nos espaços destinados às reuniões pedagógicas. Através de uma
narrativa da própria pesquisadora, que faz um relato da sua experiência formativa de aluna
a coordenadora pedagógica, é possível perceber os primeiros dilemas da formação do
coordenador pedagógico, visto que esses profissionais não necessitam de uma formação
específica para atuarem em tal função. Ao organizar um grupo de discussão com
coordenadores pedagógicos da rede municipal de ensino, do município de Passo Fundo, a
pesquisadora constata que, no cotidiano das escolas, a sua tese não é legítima, pois os
coordenadores pedagógicos, participantes do grupo de discussão, não se assumem como
profissionais responsáveis pela formação continuada em serviço dos professores. Sendo
assim, as suas atuações são caracterizadas por uma prática pedagógica tarefeira. Diante de
tal constatação, recorre-se à obra de Michel Foucault para compreender como é possível
transformar a prática pedagógica tarefeira dos coordenadores pedagógicos em uma prática
pedagógica espiritual ou intelectual, como é possível fazer dos momentos destinados às
reuniões pedagógicas um espaço legítimo de formação continuada em serviço dos
professores. Para tanto, encontramos no cuidado de si uma justificativa para a tese
assumida e, assim, ao finalizar o estudo torna-se possível afirmar que ao coordenador
pedagógico que desejar fazer do seu ato de governança da formação continuada em serviço
dos professores uma prática pedagógica espiritual será necessária a capacidade de buscar
incansavelmente a verdade sobre os processos pedagógicos da escola. Ele deverá ter a
capacidade de ouvir atentamente os ruídos dos educandários, principalmente, os vindos das
minorias; refletir sobre os mesmos, transformá-los em conhecimento e anunciar, com
sabedoria, aos seus professores e alunos as descobertas feitas, através de um falar franco,
verdadeiro e emancipador