Esta pesquisa propõe uma análise do processo de criação do filme Viajo porque preciso, volto porque te amo (2009), de Marcelo Gomes e Karim Aïnouz. A partir de uma indagação inicial sobre como ocorreu a construção de um filme de ficção originado de registros documentais, refizemos o trajeto das ações e ideias que deram origem ao filme, desde a viagem exploratória dos diretores pelo sertão nordestino até a efetiva execução do longa, com o objetivo de compreender a tessitura do movimento criativo que dá à obra forma. Para isso, em um primeiro momento, apresentamos um diálogo entre os estudos do processo criativo de Cecília Almeida Salles (2008), Fayga Ostrower (1987) e Michael Baxandall (2006), base de nossas análises. Em seguida, acompanhamos o percurso que aponta para o filme: a experiência antropológica e afetiva da viagem de captação das imagens, a mediação do sensível na formulação do curta “Sertão de Acrílico Azul Piscina” e a rede de criação que se estabelece entre os projetos individuais em relação à Viajo porque preciso. Por último, discutimos a composição narrativa do filme e como sua construção poética retoma todo o seu processo criativo e sensível.