Introdução: O micofenolato sódico de revestimento entérico (EC-MPS) é um pró-fármaco antiproliferativo que age na biossíntese das purinas. Uma grande limitação do EC-MPS é a ocorrência de eventos adversos principalmente gastrointestinais. Diante disso, a modificação da posologia do EC-MPS pode ser suficiente para aliviar os sintomas, porém podem resultar em níveis subterapêuticos e aumentar o risco de rejeição aguda. Objetivos: Este estudo tem como objetivo avaliar a tolerabilidade do EC-MPS associado a TAC e PRED em receptores de transplante renal. Métodos: Um estudo retrospectivo de uma coorte de transplantes renais com doadores vivo ou falecido realizados entre 01/01/2007 e 31/12/2011 no Hospital do Rim para avaliação da tolerabilidade ao EC-MPS e classificação em cinco subgrupos conforme o tipo de modificação realizada (redução transitória, redução definitiva, interrupção transitória, interrupção definitiva e sem modificação). Resultados: A sobrevida livre de modificação da dose do EC-MPS foi de 49,8%. De acordo com CTCAE, o sistema gastrointestinal teve a maior incidência e foram observados em todos os subgrupos de modificação de dose, com incidência de 50% para RT, 47,3% para RD, 46,8% para IT e 37,0% para o subgrupo ID. Os principais eventos adversos relatados foram diarréia, infecção por CMV e leucopenia. Desfechos secundários de incidência de RACB foram piores para o subgrupo ID quando comparado aos demais (ID 46,3% vs RT 28,6% vs RD 41,1% vs SM 25,8%; p<0,05). Conclusão: 50,2% dos pacientes não toleraram o uso do EC-MPS e as três principais causas de modificação de dose foram gastrointestinal, infecções e infestações e alterações hematológicas. O evento adverso de diarréia foi observado em mais de 37% dos casos em todos os subgrupos. O subgrupo ID apresentou piores sobrevidas do enxerto (44,4%) e do paciente (59,3%), sendo que 40,9% dos pacientes apresentaram a infecção como principal fator de interrupção da droga. Além disso, o subgrupo ID mostrou maior incidência de RACB (46,3%) quando comparado ao subgrupo SM (25,8%), o que pode estar associada à maior incidência de eventos adversos do tipo infecciosos.