Materiais e métodos: Esse foi um estudo retrospectivo, centro único, caso-controle que avaliou 324 receptores de transplante renal primário para avaliar a incidência de óbitos por causas infecciosas nos primeiros 5 anos após o transplante. O grupo caso (N=162) foi constituído de pacientes que receberam transplante renal no Hospital do Rim entre Jan/2007 à Dez/2009 e foram à óbito nos primeiros 5 anos após o transplante, excluindo transplantes duplos, re-transplantes e pediátricos. O grupo controle (N=162) foi pareado considerando a data do transplante; idade do receptor (+/- 5 anos); idade do doador (+/- 5 anos); gênero do receptor; gênero do doador; raça do receptor; indução com timoglobulina e tipo de doador (vivo ou falecido).
Resultados: Pacientes do grupo óbito apresentaram maior tempo em diálise (53,9±41,5 x 36,9 ±31,0 meses, p<0,001), maior incidência de diabetes pré-transplante (29% x 18,5%, p=0,026), menor grau de instrução (5,6% x 13,6% de ensino superior completo, p=0,008), maior incidência de desemprego (48,8%x 32,7%, p<0,001), menor taxa de profissão intermediária (4,9% x 17,9%, p<0,001), maior incidência de função tardia do enxerto (41,3% x 29%, p=0,012), maior creatinina sérica e menor clearance de creatinina MDRD, maior incidência de rejeição aguda, maior densidade de visitas ao centro (1,48± 1,32 x 0,76 ± 0,41 visitas/mês, p<0,001) e maior densidade de dias hospitalizados (12,69 ± 32,71 x 2,78 ± 16,26 dias/mês, p<0,001). Na análise multivariada, foram identificados como variáveis com impacto no risco de morte: tempo em diálise, classificação de profissão intermediária, densidade de visitas ao centro, densidade de dias hospitalizados e diálise peritoneal.
Conclusão: Pacientes que evoluem com óbito são pacientes que apresentam mais comorbidades pré-transplante, pior seguimento pós-transplante, com maior incidência de função tardia de enxerto e rejeição aguda e pior função renal, e por conseqüência necessitaram de mais consultas ambulatórias e reinternações.