Objetivo: Avaliar a incidência e o desfecho dos pacientes com lesão renal aguda (LRA) e necessidade de tratamento dialítico (LRA-D) internados na unidade de terapia intensiva (UTI) bem como as comorbidades mais prevalentes, as causas de LRA eas modalidades dialíticas mais utilizadas. Metodologia: Estudo descritivo e retrospectivo realizado no centro de terapia intensiva do Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, Brasil abrangendo o período de quatorze anos. Para análise temporal avaliamos 3 períodos: 1999-2003, 2004-2008 e 2009-2012. Resultados: Identificamos 1493 indivíduos com LRA-D.A maioria foi de pacientes clínicos (73,3%), do sexo masculino (65%) e idade de 63±18 anos. As comorbidades mais freqüentes foram diabetes (36,2%), hipertensão arterial (36%), cardiopatia (35,4%) e transplante de órgãos sólidos (35,2%). As causas mais comuns de LRA foram sepse (56,2%) e isquemia por baixo débito (18,1%). Os focos de infecção mais prevalentesforam pulmonares (43,7%) e abdominais (37,3%). Ao longo do tempo, notamos aumento na incidência de LRA-D de 2,56% para 5,17%;do uso do método contínuo como modalidade dialítica inicial de 64,2% para 72,2%; do número de pacientes transplantados de órgãos sólidos (especialmente de fígado) de 19,2% para 43,2% e do escore APACHE II de 20 para 26 entre o primeiro e terceiro períodos, respectivamente (p<0,001). A mortalidade (de 58,3% para 52,8%) e a dependência de diálise na alta hospitalar (9,6% para 12,1%) não foram diferentes significativamente entre os períodosavaliados (p=0,352). A análise multifatorial identificou o escore APACHE II [OR 1,52 (1,46-1,58), p<0,001] e paciente clínico com LRA por sepse [OR 2,93 (1,81-4,75), p<0,001] como fatores independentes associados ao óbito.Quando avaliamos os sobreviventes que recuperaram a função renal, aqueles que realizaram inicialmente hemodiafiltraçãovenovenosa contínua (CVVHDF), apresentaram na alta hospitalar maior taxa de filtração glomerular (TFG) do que os submetidos à hemodiálise convencional (54,0 x 46 ml/min/m2, p=0,014). Conclusões: A incidência de LRA-D aumentou ao longo do período estudado. Sepse foi à principal causa de LRA-D. Apesar da maior gravidade dos pacientes, a mortalidade se manteve estável. CVVHDF foi à modalidade dialítica mais utilizada inicialmente. Naqueles que sobreviveram e recuperaram a função renal, a CVVHDF pareceu preservar melhor a TFG.