O Brasil segue no ranking de produção de cana-de-açúcar do mundo, como maior produtor de álcool e açúcar. Assim, a necessidade de atender a demanda por matéria prima tem instigando a busca por sistemas mais produtivos e sustentáveis ao longo do tempo. Nesse sentido, o sistema de manejo da palhada perante a colheita dos canaviais é um fator relevante, onde a cana queimada (colheita manual) está sendo substituída pela cana sem queima (geralmente colheita mecânica), também nomeada de cana crua no setor sucroalcooleiro, devido a aspectos legais, econômicos e principalmente ambientes. Contudo, o tráfego mais intenso de máquinas e implementos agrícolas, na colheita mecânica, pode influenciar na escolha do tipo de preparo do solo no momento da renovação do canavial, umas das etapas que mais influencia os custos de produção. Este estudo teve como objetivos avaliar, no Capítulo I, o efeito de dois sistemas de preparo do solo (cultivo mínimo e plantio convencional) associados a dois manejos da palhada (com e sem queima) sobre, as propriedades químicas e físicas do solo, a extração de nutrientes pelas diferentes partes aéreas da cultura, a produtividade de colmos, e verificar se os manejos aplicados influenciam nos compartimentos do fósforo do solo; e no Capítulo II avaliar as mesmas variáveis do capítulo I, mas tendo como tratamentos a manutenção, alternância e ausência da queima antes da colheita ao longo dos ciclos da cultura. Dois experimentos de longa duração foram utilizados, implantados em 1989, em área cedida pela Usina LASA, no município de Linhares ES, em Argissolo Amarelo textura arenosa/média, típico do ambiente de tabuleiros costeiros. A variedade da cana-de-açúcar (Saccharum spp.) utilizada foi a SP79-1011, sendo as amostras de planta e terra coletadas no ano de 2012, no qual a colheita correspondeu à sétima safra (6ª soca) do terceiro ciclo de cultivo, para ambos os experimentos. No Capítulo I, os resultados indicam que os sistemas de preparo do solo e manejo da palhada de cana não modificaram significativamente a produção de biomassa e os parâmetros tecnológicos da cana-de-açúcar. Porém, o cultivo mínimo favoreceu, na camada de 0-10 cm a manutenção do carbono das frações húmicas e o associado aos minerais; os valores de Mg+2, Ca+2 e carbono orgânico total em todas as camadas avaliadas; de K+ na profundidade de 10-20 cm e de diâmetro médio ponderado (DMP) e diâmetro médio geométrico (DMG) nas duas camadas subsuperficiais, em relação ao plantio convencional. Contudo, o maior revolvimento do solo no plantio convencional possibilitou menores valores de densidade do solo, maiores de macroporos e total de poros, do que o cultivo mínimo, o que repercutiu na produção de biomassa. No Capítulo 2 os resultados mostraram que os diferentes manejos da palhada influenciaram principalmente no acúmulo de nitrogênio e potássio nos ponteiros da cana-de-açúcar. Porém, os atributos químicos e físicos do solo não se alteraram. Assim, conclui-se que o preparo do solo contribuiu mais para as mudanças dos atributos químicos e físicos do solo que o manejo da palhada. Em relação à distribuição do fósforo (P) em suas frações segundo a labilidade, para os dois experimentos (Capítulo I e II), a maior parte do P foi encontrada na forma inorgânica e o P moderadamente lábil abrangeu a maior proporção do P total, quando comparadas as frações P lábil e moderadamente resistente.