Lucena, J. N. Avaliação da sobrevida de crianças com neuroblastoma entre 1991-2012: experiência do Instituto de Oncologia Pediátrica São Paulo. 2013. 67 f. Tese (Mestrado) Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 2013.
O neuroblastoma é o tumor sólido extracraniano mais frequente da infância e representa 15% das mortes relacionadas ao câncer. Apesar do aumento de sobrevida nos pacientes de alto risco após a intensificação da terapia, o prognóstico ainda é ruim. O objetivo desse estudo é descrever as características clínicas e epidemiológicas das crianças atendidas no Instituto de Oncologia Pediátrica no período de 1991-2012 e reportar o aumento da sobrevida observada nos últimos anos. Estudo retrospectivo, com informações obtidas através da análise de prontuário de 258 pacientes, estudados quanto à idade, sexo, localização do tumor primário, apresentação clínica, classificação histopatológica, MYCN e evolução clínica. A idade média ao diagnóstico foi de 40,5 meses. Houve leve predomínio do sexo masculino, com uma razão de incidência de 1,3:1 (M:F). A maioria dos tumores era de origem abdominal (63,5%). A medula óssea foi o sítio mais comum de metástase (36,8%) seguida do osso (32,9%). A recidiva tumoral ocorreu em 22,1% dos pacientes e, na maioria dos casos, em medula óssea (47,5%). A histologia foi desfavorável em 51/217 (23,7%) e o MYCN estava amplificado em 10/44 (25%) dos casos pesquisados. A sobrevida global dos pacientes em 5 anos foi de 62% e a principal causa de óbito foi a progressão tumoral (72,3%). Os pacientes estadio 4 que realizaram transplante de medula óssea apresentaram maior sobrevida em relação aos que não fizeram. A sobrevida global dos pacientes com estadiamento 3 e 4 admitidos entre 2004 a 2012 foi maior do que a dos pacientes admitidos entre 1991 a 2003 (sobrevida global em 5 anos de 59% e 46%, respectivamente). As características epidemiológicas foram similares, o que reforça o dado de que a distribuição do neuroblastoma é uniforme em todo o mundo. Foi evidenciado aumento significativo da sobrevida dos pacientes com estadios 3 e 4 no período estudado, que pode ter sido influenciado pelo maior número de transplantes realizados e diminuição da mortalidade por toxicidade.