Com o intuito de avaliar as alterações clínicas e neurológicas e o efeito analgésico do
meloxicam quando administrado por via epidural, essa dissertação foi dividida em dois
capítulos: o primeiro, uma avaliação dos efeitos sistêmicos e neurotóxicos da
administração de meloxicam por via epidural em coelhos e o segundo, um estudo sobre
a analgesia preemptiva com meloxicam, administrado por via intramuscular ou epidural,
em gatas submetidas à ovário-histerectomia (OH). No 1º artigo foram utilizados 12
coelhos distribuídos em dois grupos, onde receberam solução fisiológica (0,3mL/kg)
(Grupo controle) ou meloxicam (0,2mg/kg) (Grupo Meloxicam), ambos por via
epidural. Avaliaram-se a frequência cardíaca (FC), frequência respiratória (f),
temperatura corporal (TC) e temperatura superficial da região lombossacra e as
alterações neurológicas durante os 10 primeiros dias do experimento. Posteriormente
foram realizadas as eutanásias para avaliação histopatológica da medula espinhal, 15 e
30 dias após a administração epidural dos fármacos. As alterações observadas em todas
as avaliações não foram sugestivas de efeito adverso do meloxicam. A administração
epidural lombossacra de meloxicam, na dose de 0,2 mg/kg e num volume de 0,3 mL/kg,
não causa efeitos sistêmicos e neurotóxicos significativos, em coelhos. No 2º estudo
foram utilizadas 16 gatas distribuídas em dois grupos, as quais receberam meloxicam
(0,2mg/kg) por via intramuscular (IM) e solução de NaCl 0,9% (0,1mL/kg) por via
epidural (Grupo intramuscular - GIM) ou solução de NaCl 0,9% (0,1mL/kg), por via
IM, e meloxicam (0,2mg/kg) por via epidural (Grupo epidural - GEP). Foram
mensuradas a FC, f, TC e pressão arterial sistólica, além da glicemia e da dosagem
sérica do cortisol. A dor pós-operatória foi avaliada através de escala multiparamétrica,
com atribuição de escores para cada variável avaliada. As variações observadas nos
parâmetros clínicos aparentemente não decorreram do emprego do meloxicam. O
cortisol sérico esteve elevado, em ambos os grupos, inclusive na avaliação inicial,
porém entre grupos não houve diferença. A glicose não variou entre grupos, mas
ocorreu hiperglicemia pós-operatória em ambos os grupos, significativa a partir de duas
e de 12 horas após a administração do meloxicam, respectivamente no GIM e no GEP.
Os escores de dor no GIM foram estatisticamente maiores que no GEP, 12 horas após a
administração do meloxicam. A analgesia de resgate foi requerida em dois animais do
GIM e em um do GEP. A administração do meloxicam pela via epidural promove
melhor analgesia do que pela via intramuscular, embora não totalmente satisfatória, em gatas submetidas à OH. Conclui-se que o meloxicam pode ser administrado por via
epidural com segurança, porém sua analgesia é insuficiente para procedimentos
cirúrgicos que promovam dor moderada.