MECALHA, Rodrigo. Avaliação morfológica, eletromiográfica e por termografia infravermelha do bloqueio do plexo braquial em coelhos guiado por ultrassonografia. 2016. 79p. Tese (Doutorado em Medicina Veterinária). Instituto de Veterinária, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ. 2016.
O bloqueio do plexo braquial (BPB) permanece como um dos temas mais intrigantes da anestesia contemporânea, pois, devido a complexa organização desta estrutura, está associado a um número expressivo de insucessos. Com o estudo objetivou-se avaliar a eficácia do bloqueio do BPB guiado por ultrassonografia associado a estimulação de nervos periférico em coelhos. Inicialmente foram dissecados 80 plexos braquiais, de 40 cadáveres, de modo a capacitar os pesquisadores na anatomia macroscópica da região. Posteriormente, no estudo in vivo, foram utilizados 40 coelhos do sexo masculino os quais foram aleatoriamente alocados em dois grupos experimentais: Grupo 1: BPB guiado por ultrassonografia associado a estimulação de nervos periféricos (US/ENP); Grupo 2: BPB guiado por estimulação de nervos periférivos (ENP). Sob anestesia geral, o BPB foi realizado, por via axilar, através da injeção de lidocaína 2% sem vasoconstrictor, na dose máxima de 0,7ml.kg-1. A diferença entre o tempo de latência motora, tempo de bloqueio motor e do volume necessário para o BPB entre as técnicas foram avaliadas através da gravação dos potenciais de ação motores compostos do nervo radial. A mensuração da temperatura cutânea (TC), por termografia infravermelha, foi realizada em áreas de interesse (AIEs), previamente estipuladas, nas mãos, dígitos e antebraços, de modo a verificar a correlação de sua variação com a eficácia do BPB. Em 92,5% dos animais os nervos resultantes foram constituídos das conexões entre os ramos ventrais dos 4 últimos nervos espinhais cervicais (C5, C6, C7, C8) e o primeiro torácico (T1). Não houve diferença significativa no tempo de performance do BPB guiado por US/ENP (4,3 ± 0,73 min) ou por ENP (6,4 ± 0,68 min), no entanto, foi necessário a administração de um volume significativamente menor de anestésico local no grupo guiado por US/ENP (0,61 ± 0,15 ml versus 1,22 ± 0,17; P < 0,0001). Apesar do menor volume utilizado, observou-se que o grupo US/ENP apresentou menor tempo para instalação do bloqueio (1,1 ± 0,45) em comparação ao grupo ENP (1,95 ± 0,79; P < 0,01). O BPB guiado por US/ENP ou por ENP resultou em um aumento substancial e significativo da TC nas AIEs dos nervos radial, musculocutâneo ulnar e mediano (P < 0,001), no entanto, este aumento foi mais contudente na região da mão e dígitos. Nas AIEs dos nervos radial, mediano e ulnar na região dorsolateral das mãos, foram observadas as maiores variações de temperatura no grupo US/ENP em comparação ao ENP (radial 3,1 versus 2,0oC; mediano 4,5 versus 3,1 oC e ulnar 4,1 versus 3,6 oC). Dessa forma conclui-se que o BPB guiado por US/ENP é uma técnica eficaz e de fácil reprodutibilidade no modelo experimental utilizado a qual requereu menor volume de anestésico local, proporcionou menor tempo de latência motora e maior tempo de bloqueio motor quando comparado ao bloqueio guiado por ENP. O aumento da TC é uma ferramenta altamente eficaz na avaliação da eficácia do BPB com valor preditivo, sensibilidade e especificidade de 100%. Outrossim, futuros estudos clínicos são necessários para verificar sua correlação com a área anestesiada.