A presente dissertação tem como objetivo compreender como se configura a fábula –
interpretada como sistema de organicidade dramática – na dramaturgia ocidental por
meio de um estudo teórico em cinco atos. Parte-se do princípio que o fazer teatro,
considerado em toda sua complexidade, incluindo o texto dramático, permite ao homem
vivenciar suas fabulações, suas construções subjetivas, tornando-as uma manifestação
sensorial, relacional, de presença, de construção de imagens. A fábula é a ferramenta, o
sistema organizacional que produz e constrói esse efeito simbólico e sua análise e
interpretação na contemporaneidade se fazem relevantes. Para isso, em um prólogo, é
apresentada uma definição para o termo fábula, conjuntamente às ideias de ação,
mimese e efeito estético. Do primeiro ao quarto atos, é traçado um percurso teórico histórico
da evolução da compreensão de fábula como agenciamento de ações, de
Aristóteles a Brecht, para no quinto ato apresentar as proposições teóricas de Szondi
(2011), Lehman (2007) e Sarrazac (2002, 2007, 2009, 2012, 2013) acerca do estatuto
dramático, a fim de, concomitantemente, entender e explicar a configuração da fábula no
contexto contemporâneo. Por fim, no epílogo, é exposta uma leitura da fábula
contemporânea como produtivo campo de construção de uma sintaxe de teatralidade performatividade
que opera nas escritas contemporâneas um contínuo processo de
devir.