A pesquisa, de abordagem qualitativa, visa investigar as reflexões e os impactos das narrativas de crianças sobre infâncias e escola em seus professores, considerando a importância de se ouvir a criança, como sujeito de direitos, com base nos estudos da Sociologia da Infância, em especial. Buscou-se evidenciar a infância como enigma a ser desvendado, trazendo ao debate, as políticas públicas educacionais para a educação infantil e as concepções que permeiam os estudos sobre a infância, considerando a complexidade da formação de professores de educação infantil. O trabalho de campo foi desenvolvido com as crianças na forma de rodas de conversa, desenhos e brincadeira de faz-de-conta de “escolinha”, contando com a participação de dez crianças de turmas variadas de pré-escola de uma escola pública municipal e de seis professoras, por meio de Grupo Dialogal, acrescidos da observação e do registro em Diário de Campo pela pesquisadora, nessas atividades. Para a análise foi realizado cotejamento dos dados das narrativas produzidas pelas crianças e depois apresentadas aos professores, proporcionando-lhes processos reflexivos, bem como perspectivas para a ressignificação de suas experiências. Os achados da pesquisa nos permitem afirmar que as narrativas das crianças sobre suas concepções de infâncias e de escola transitam entre denúncias em relação aos espaços (ambientes escolares), as relações ali estabelecidas, a dimensão lúdica e as necessidades básicas das crianças. Quando estas foram apresentadas aos seus professores, observaram-se inquietações com a metodologia utilizada na pesquisa, os deslocamentos, as evidências adultocêntricas e um processo de desestabilizações de convicções sobre como estes profissionais enxergam as crianças, as infâncias e a escola de educação infantil. Desvelar o enigma das percepções das crianças sobre a escola de educação infantil mostrou-se um potencial meio de reflexão sobre as ações de formação de professores, em geral, e de educação infantil, em particular. Intencionamos com a pesquisa contribuir com o debate e com a melhoria da qualidade da formação de professores e de suas práticas profissionais, anunciando o que sinalizam as vozes das crianças, identificando o que, em nosso entendimento, se apresenta como desafios para a formação e para o trabalho cotidiano de professores de educação infantil, visando proporcionar vivências formativas significativas para professores e para as crianças.