Diversas linhas de pesquisa em fitoquímica estão associadas à avaliação de atividades biológicas visando o isolamento e caracterização de metabólitos ativos. Nesse contexto, foi observado que o óleo essencial, bem como os extratos das folhas de Nectandra leucantha (Lauraceae), ainda desconhecida do ponto de vista químico, mostraram potencial antiparasitário, especialmente antileishmania e antitripanosoma. Sendo assim, o óleo essencial foi analisado por CG/FID e CG/EM permitindo a identificação de 33 componentes, sendo o biciclogermacreno o majoritário (21,3 %). Os extratos hexânico e metanólico foram submetidos a fracionamento cromatográfico, biomonitorado, frente a duas técnicas cromatográficas diferentes (coluna aberta e em contracorrente), permitindo o isolamento de cinco neolignanas dos extratos: uma do tipo 3-3’, desidrodieugenol (I) e quatro do tipo 3-O-4’, desidrodieugenol B (II), 4,5-dimetoxi-3-[5'-metoxi-1'-(8'-propenil)4’-fenoxi]-1-(8-propenil)benzeno (III), (S)-4-hidroxi,5-metoxi -1- [5'-metoxi-1'-(8'-propenil) 4’-fenoxi]-1-(7-hidroxi-8-propenil) benzeno (IV) e (R)-4,5-dimetoxi-1-[5'-metoxi-1'-(8'-propenil)4’fenoxi]-1-(7-hidroxi-8-propenil) benzeno (V), sendo III, IV e V inéditas. Além disso, foi preparado o composto I-a, desidrodieugenol permetilado. As estruturas de todas as substâncias descritas foram definidas através de métodos espectroscópicos e espectrométricos tais como, EM, RMN, UV, IV e DC. As substâncias I-V e I-a, como os precursores, eugenol e metileugenol foram submetidos a avaliação de suas atividades frente as formas tripomastigotas e amastigotas de Trypanosoma cruzi, promastigotas e amastigotas de Leishmania (L.) infantum e L (L.) donovani. Frente ao parasita T. cruzi, as substâncias I e V mostraram-se mais ativas para as formas intracelulares (CI50 15,0 e 15,2 M), enquanto I foi a mais ativa para a forma extracelular (CI50 11,5 M). As substâncias III e IV, apresentaram significativa atividade frente as formas amastigotas de L. donovani (CI50 26,7 e 17,8 M, respectivamente) e a substância I-a, apresentou a maior atividade frente as formas intracelulares de L. infantum (CI50 13,7 M). Além disso, todas as substâncias foram avaliadas frente as células NCTC, as quais não apresentaram citotoxicidade na maior concentração avaliada (200 M), exceto a substância I (CC50 58,1 M). Finalmente o possível mecanismo de morte para as substâncias I e I-a foram avaliados frente ao parasita T. cruzi, sugerindo ação direta no parasita, possivelmente pela interação com a substância responsável pela manutenção da membrana plasmática do parasita, ergosterol. Desta maneira as substâncias ativas encontradas neste estudo mostraram ser excelentes candidatos a desenvolvimento de fármacos visando a terapia da leishmaniose e doença de Chagas, já que se mostraram mais ativas e mais seletivas que os fármacos utilizados atualmente.