A piraíba – Brachyplatystoma filamentosum, é o maior dentre os bagres migradores
Amazônicos. Sua distribuição abrange toda a bacia amazônica, desde os rios do Amapá até a
cordilheira dos Andes, habitando tanto em água branca, preta e clara, como também em
tributários e lagos de várzea e igapó. Até 2005 as informações a respeito desta espécie eram
tratadas em comum com a Brachyplatystoma capapretum, que foi descrita com base em
características osteológicas. Nesse contexto, faz-se necessário estudos sobre a biologia dessas
espécies, sendo a genética a ciência promissora para elucidar questões como o ciclo biológico,
distribuição exata no ambiente amazônico, variabilidade e estoque genético. Estudos
genéticos utilizando sequencias de DNA mitocondrial contribuíram revelando que em média
B. filamentosum é mais abundante que B. capapretum em rios de águas branca na bacia
amazônica. O presente estudo se propôs, através de marcadores moleculares microssatélites,
verificar se o e B. filamentosum apresenta estrutura populacional, podendo compor mais de
que um estoque genético e se possui segregação genética e se está associada ao tipo de água
onde ocorrem. Dezessete marcadores microssatélites foram isolados e caracterizados em 35
indivíduos de B. filamentosum oriundas da região de Belém – PA, Brasil. Foram obtidos 78
alelos, variando entre 1 a 15 alelos por loco, com uma média de 6,00. A heterozigosidade
observada (Ho) e esperada (He) variou entre 0,100 à 0,875 (média 0,569) e 0,136 à 0,837
(média 0,558), respectivamente. A amplificação heteróloga resultou em 3 a 12 locos entre seis
espécies do gênero Brachyplatystoma: B. capapretum (filhote capapreta), B. vaillantii
(piramutaba), B. rousseauxii (dourada) B. platynemum (babão), B. tigrinum (dourada zebra) e
B. juruense (flamengo). Os marcadores microssatélites obtidos irão contribuir para futuros
estudos genéticos de populações naturais de B. filamentosum e estarão disponíveis para outras
espécies do gênero Brachyplatystoma. Dez locos microssatélites foram utilizados para as
análises de genética populacional de 178 indivíduos de B. filamentosum amostrados em seis
regiões da bacia amazônica, representantes de três diferentes tipos de água. Foi obtido um
total de 80 alelos, com uma média de 8 alelos, média das heterozigosidades observada de
0,548 e esperada de 0,598 por loco. Os resultados da AMOVA indicaram moderado fluxo
gênico entre as localidades e valores significativos de FST. Não é possível aceitar a hipótese
nula de panmixia, de um único estoque para a espécie, pois as análises, de forma geral,
indicam estrutura entre algumas localidades, principalmente entre rio Araguaia com os rios rio
Branco (FST = 0,113) e Negro (FST = 0,219). O rio Negro também apresentou o rio Madeira
(FST =0,101). Os valores de Nm também foram abaixo de 4 entre essas localidades. Desta
forma, sugere-se que B. filamentosum seja maneja considerando mais de que um estoque
genético, principalmente no rio Negro, Araguaia e Branco. Todavia, não se pode afirmar que
essa segregação esteja totalmente associada ao tipo de água.