A Brucelose bovina é uma zoonose causada por uma bactéria gram-negativa,
intracelular-facultativa que sobrevive e multiplica-se dentro de macrófagos,
denominada Brucella abortus, responsável por ocasionar perdas reprodutivas em
animais domésticos e febre ondulante em humanos. A imunoprofilaxia certificada
pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento são as vacinas B19 e
RB51, manipuladas a partir de amostras atenuadas de B. abortus, que são
obrigatórias para bovinos. As vacinas comerciais disponíveis contra B. abortus
apresentam algumas limitações como: conferir infecção persistente que pode
provocar aborto nas fêmeas gestantes vacinadas, ser patogênica para os seres
humanos e possuir custo elevado de produção. Além disso, a amostra B19 produz
anticorpos que interferem no diagnóstico para diferenciação de populações
infectadas naturalmente e vacinadas. O desenvolvimento de vacinas de DNA e
subunidade são uma alternativas bastante promissoras como alternativa as vacinas
clássicas, pois além de conferirem resposta imune humoral e celular é também de
baixo custo e fácil manipulação. Assim, o objetivo neste estudo foi desenvolver
vacinas de DNA e subunidade contra B. abortus, testá-las em camundongos BALB/c
para avaliar a produção de anticorpos específicos e níveis de proteção conferida aos
animais testados. Os genes virB9 e virB12, os quais são essenciais para
sobrevivência e multiplicação de Brucella spp., foram usados como alvo da
construção das vacinas de DNA e subunidade. Para isto, os genes virB9 e virB12,
que produzem proteínas potencialmente antigênicas, foram amplificados pela técnica
de PCR e clonados, separadamente, nos plasmídeos pET47b e pcDNA3.1+ para
produção das proteínas recombinantes in vitro e expressão in vivo, respectivamente.
Grupos de cinco camundongos da linhagem BALB/c receberam três doses dos
candidatos vacinais e associações (pcDNAvirB9, pcDNAvirB9+VirB9r, pcDNAvirB12
e pcDNAvirB12+VirB12r e, separadamente, VirB9r e VirB12r), acompanhados das
doses controle (pcDNA3.1(+), Montanide, B19 e PBS). O estudo de proteção foi
avaliado após o desafio com a amostra de B. abortus S2308. A detecção de IgG
específico no soro dos camundongos imunizados, bem como suas subclasses IgG1
e IgG2a, foram avaliadas por ELISA indireto. Os níveis de IFN-γ e IL-10 foram
determinados por ELISA de captura a partir dos sobrenadantes de culturas de
esplenócitos, estimulados com VirB9r e VirB12r, separadamente. Os candidatos a
imunógenos pcDNAvirB9, pcDNAvirB9-VirB9r e pcDNAvirB12-VirB12r, VirB9 e
VirB12 induziram a produção de IgG e suas subclasses IgG1 e IgG2a em níveis
significativos (p<0,05). A resposta imune induzida pela formulação vacinal VirB9r foi
capaz de proteger camundongos após o desafio com B. abortus virulenta S2308.
Essa formulação pode ser promissora contra a brucelose em bovinos.