Enfermidades do trato respiratório podem acometer cavalos com finalidades
e manejo distintos. Esta tese está dividida em quatro capítulos: o primeiro trata de
uma contextualização sobre as principais doenças do trato respiratório equino; o
segundo é um estudo retrospectivo de alterações endoscópicas em 464 cavalos
de corrida; o terceiro capítulo é uma avaliação do trato respiratório em 10 cavalos
de corrida em fase inicial de treinamento; e o quarto capítulo é um estudo em 31
cavalos carroceiros. No estudo retrospectivo, encontrou-se alguma alteração
endoscópica em 325/464 (70,0%) dos animais. Hemorragia pulmonar induzida por
exercício (HPIE) foi encontrada em 181/464 (39,0%) endoscopias, sendo 33/181
(18,2%) grau I; 65/181 (35,9%) grau II; 57/181 (31,5%) grau III e 26/181(14,4%)
grau IV. Deslocamento dorsal de palato mole (DDPM) foi observado em 35/464
(7,5%); secreção (S) em 119/464(25,6%); neuropatia laríngea (NL) em 17/464
(3,7%); hiperplasia folicular linfoide (HFL) em 28/464 (6,0%) e envelopamento de
epiglote (EE) em 10/464 (2,1%). Podem estar associadas à ocorrência de HPIE o
DDPM (p= 0,01) e EE (p=0,04) em cavalos de corrida. Para a avaliação do trato
respiratório de cavalos puro sangue inglês e carroceiros utilizaram-se: endoscopia,
aspirado traqueal (AT), lavado broncoalveolar (LBA) e painel de reação em cadeia
da polimerase (PCR). Nos cavalos de corrida, observou-se: S em 10 animais
(100,0%); NL em um animal (10,0%); HFL em 10 animais (100,0%); edema na
bifurcação traqueal (BT) em um animal (10,0%). A média da contagem diferencial
observada no AT foi de: 175,7 ±67,7 (43,9%) macrófagos; 81,1 ±87,6 (20,2%)
neutrófilos; 94,1 ±48,0 (23,5%) linfócitos; 3,5 ±4,4 (0,8%) eosinófilos; 3,9 ± 10,9
(0,1%) células epiteliais caliciformes; 45,4 ±59,9 (10,9%) células epiteliais ciliadas;
3,6 ±3,3 (0,9%) mastócitos. Alterações observadas no AT: 2 (20,0%) aumento no
número de neutrófilos; 8 (80,0%) número aumentado de linfócitos, 9(90,0%)
aumento no número de mastócitos. As médias da contagem diferencial do LBA
foram: 252,9 ± 43,6 (63,2%) macrófagos; 44,4 ± 39,7(11,1%) neutrófilos; 90,7 ±
22,6 (22,6%) linfócitos; 3,6 ± 5,1 (0,9%) eosinófilos; 7,1 ±4,5 (1,7%) células
epiteliais; 5,7 ±5,2 (1,4%) mastócitos. Alterações encontradas no LBA: 8(80%)
aumento no número de macrófagos; 8 (80%) aumento no número de neutrófilos; 3
(30%) aumento no número de eosinófilos; 3 (30%) aumento no número de
mastócitos. O escore total de hemossiderina (THS) médio foi de 9,7 ±11,7. Dois
animais foram positivos para HPIE. Com a PCR, dois cavalos foram positivos para
herpes vírus equino tipo 5 (EHV 5) e um animal para EHV 2 e 5. Nos cavalos
carroceiros, observaram-se as seguintes alterações endoscópicas: S em 28
(90,3%) dos animais; NL em 6 (19,3%); HFL em 10 (32,2%); DDPM em 1 (3,2%);
edema em BT em 3 (9,7%) A contagem diferencial média no AT foi: 163,6±95,9
(40,9%) macrófagos; 35,0 ±32,0 (8,8%) neutrófilos; 25,0 ±18,2 (6,1%) linfócitos;
23,3 ±36,7 (5,8%) eosinófilos; 142,5 ±117,7 (36,7%) células epiteliais ciliadas; 2,4
9
±2,5 (0,6%) mastócitos. Tipos celulares aumentados no AT: 11 (40,7%)
macrófagos; 4 (14,8%) neutrófilos; 12 (44,4%) eosinófilos; 20 (74,0%) mastócitos;
3 espirais de Curshmann (11,1%). A contagem diferencial média do LBA foi: 205,6
± 60,8 (60,8%) macrófagos; 56,0 ±31,0 (13,1%) neutrófilos; 78,0 ±43,0 (20,3%)
linfócitos; 17,0 ±13,0 (3,9%) eosinófilos; 30,0 ±29,0 (3,6%) células epiteliais
ciliadas; 2,0 ±4,0 (0,5%) mastócitos. THS médio: 10,2 ±15,5. Tipos celulares em
número elevado no LBA: 6 (27,3%) macrófagos; 14 (63,3%) neutrófilos; 19
(86,4%) eosinófilos; 4 (18,2%) mastócitos; 22 (100%) células. Três animais foram
positivos para HPIE. Quatro cavalos foram positivos para EHV 5 na PCR. Este
estudo é o primeiro relato da detecção in vivo de EHV 5 e EHV 2 em cavalos no
Brasil e representa uma alerta para a circulação desses tipos virais no país e sua
associação a alterações do trato respiratório, especialmente com HFL e aumento
no número de mastócitos no LBA. A associação de diferentes técnicas
diagnósticas é recomendada para uma boa avaliação do trato respiratório.
Cavalos carroceiros podem apresentar HPIE assim como potros PSI ainda em
fase de treinamento.