As LMAs são doenças neoplásicas clonais geneticamente heterogêneas. As características clínicas distintas em cada subtipo requerem atenção para a determinação da classificação da doença e para estabelecer os fatores prognósticos adequadamente. Com o recente aumento de relatos no número de mutações e vias alternativas que agem na regulação das LMAs, estabelecer uma conduta investigativa que abranja a maior gama possível de alterações tornou-se um desafio, principalmente em nosso meio, onde ainda existem poucos trabalhos que avaliem o alcance da expressão gênica e da citogenética nos pacientes com LMA. Assim, o melhor conhecimento dos aspectos genéticos da doença é fundamental para propor melhorias. Objetivo: Avaliar a frequência das diferentes alterações citogenéticas e da expressão de alguns genes em pacientes adultos com diagnóstico de LMA e correlacioná-las com as características clínicas da apresentação, da remissão hematológica e da estratificação de risco. Materiais e métodos: Foram realizados cariótipos de aspirado medular por banda G; FISH–painel LMA/SMD, nos casos em que não foi obtido o resultado do cariótipo; pesquisa da expressão dos genes: FLT3, NPM1, CEBPA, WT1, RUNX1, MLL, CKIT, NRAS e KRAS por PCR em tempo real e pesquisa de mutações, por sequenciamento, nos genes FLT3, NPM1 e CKIT. Resultados: Observou-se que, dos 55 casos estudados, em 80% foram obtidos resultados do cariótipo, FISH ou PCR (para a pesquisa do rearranjo PML-RARA), com uma frequência de 53% de casos alterados. Em 44 pacientes foi possível realizar a avaliação da expressão gênica e a pesquisa de mutações, com 52% dos casos com expressão gênica alteradas, sendo que, em 32%, havia alteração de expressão em mais de um gene e, em 20,4%, foram encontradas mutações. Isso que indica que a expressão dos genes pode sofrer influência de outras vias, além das mutações, para produzir o fenótipo alterado da célula leucêmica. Conclusão: Este trabalho demonstra a gama de alterações genéticas, muitas delas concomitantes e não relacionadas a mutações, que podem ser encontradas nos pacientes com LMA. Tais alterações podem conferir uma visão diferente na abordagem investigativa dessas doenças, endossando a necessidade de um diagnóstico amplo para traçar um perfil mais preciso de cada caso e determinar adequadamente a estratificação de risco e o prognóstico.