O presente estudo investigou as relações entre os padrões de produção científica e a política de
formação acadêmica, por intermédio das lutas geradas entre as diferentes posições dos agentes
em redes de colaboração, no campo da Política e Gestão da Educação nos Programas de Pós-
Graduação em Educação da região Nordeste do Brasil, no período de quinze anos (2000-2014).
Para tal, amparado no fazer sociológico e na teoria do campo científico de Pierre Bourdieu, a
ênfase recai no agente que produz uma representação acadêmica sobre a temática de caráter
científico e institucionalizado, bem como os condicionantes sociais de sua prática. Os agentes
no interior de tal espaço, dotados de um sistema de disposições, com competências específicas,
diferentes espécies de capital e seus interesses, confrontam-se na luta para legitimar
determinada concepção acerca das temáticas, local e regional; a qual é, acima de tudo, uma
forma de visão do mundo acadêmico-social. Metodologicamente, buscou-se estabelecer a
estrutura do espaço de produção acadêmica, por meio da utilização de instrumentos estatísticos,
a análise fatorial de correspondências múltiplas e análise de redes sociais, para que se pudesse
objetivar e, desse modo, identificar a trajetória de formação acadêmico-profissional dos
agentes, a estruturação das redes de colaboração científica, com base na produção bibliográfica
de artigos, livros e capítulos de livros, bem como, por meio de entrevistas semiestruturadas
observar a materialização do espaço acadêmico, o interconhecimento e o processo de
legitimação entre os pares, evidenciado assim a posição das elites acadêmicas no espaço de
produção do conhecimento em Política e Gestão da Educação, suas estratégias – individuais e
de grupo – de organização e de estabelecimento da agenda de produção científica. A partir dos
resultados obtidos na caracterização geral do perfil dos agentes, verificamos que a maioria é do
sexo feminino, com formação acadêmica (graduação em pedagogia, mestrado em educação e
doutorado em educação) na própria região Nordeste, atrelada ao reduzido acesso aos centros de
pesquisa do exterior para realização de pós-doutorado e/ou estágio de pesquisa, tampouco são
bolsistas de produtividade do CNPq. Para os cargos na SBPC, ANPEd e ANPAE, notamos que
os únicos programas que apresentaram maiores frequências para a presença desses cargos foram
PPGE/UFPE, PPGE/UECE e PPGE/UFRN. Por outro lado, os agentes possuem tempo médio
de dezenove anos de carreira na universidade pública com atuação, essencialmente, na pesquisa
e na docência, embora participem de conselhos de revistas científicas e consultorias ao
Ministério da Educação. Portanto, as hipóteses inicialmente levantadas neste estudo reforçam
a tese de formação de elites acadêmicas e grupos de referências nos espaços de produção do
conhecimento científico em Política e Gestão da Educação que contribuem para o
engendramento de práticas sociais legítimas, em torno do jogo para imposição de discursos
sobre política educacional válidos academicamente no contexto intensificação das assimetrias
regionais.