Introdução e objetivos: Devido à perda de memória imunológica que ocorre após o transplante de células-tronco hematopoéticas (TCTH), faz-se necessária a revacinação. Os objetivos deste estudo foram investigar a adesão a revacinação e a resposta imune humoral para diferentes antígenos vacinais em pacientes pediátricos e adultos jovens submetidos a TCTH.
Métodos: Foram recrutados no Instituto de Oncologia Pediátrica – Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (IOP-GRAACC), da Universidade Federal de São Paulo, pacientes submetidos a TCTH há pelo menos 3 anos. Após assinatura do termo de consentimento, o questionário do projeto foi preenchido, as carteiras de vacinação analisadas e uma amostra sanguínea coletada. O soro foi separado e armazenado a -80° C até ser testado através ensaio imunoenzimático para difteria, Haemophilus influenza tipo b, hepatite A, hepatite B, tétano, sarampo, rubéola e varicela.
Resultados: Sessenta e três pacientes (media de 10,7 anos de idade por ocasião do TCTH; variando de 0,7 - 21) foram avaliados. Quarenta e um (65%) eram do sexo masculino, 34 (54%) realizaram transplante alogênico e 29 (46%) autólogo. O tempo médio de intervalo entre o TCTH e a coleta sanguínea foi de 4,9 anos (3 - 10). A adesão completa para a vacina difteria foi encontrada em 79,4% dos pacientes, dos quais 92% estavam protegidos; para Haemophilus influenzae tipo b foi encontrada adesão de 68,3% e proteção de 95,3%; para hepatite A, 63,5% de adesão e 92,5% de proteção; para 3 doses vacinais de hepatite B foi observada adesão de 86,8% e proteção de 79,2%; para tétano, 79,4% de adesão e 100% de proteção; para sarampo e rubéola, 17,5% de adesão e 100% de proteção; para varicela, 7,9% de adesão e 100% de proteção. A presença de um CRIE no município de domicílio esteve positivamente associado a completar o esquema vacinal; por outro lado, a DECH crônica mostrou-se inversamente associada à adesão à revacinação.
Conclusão: Após adesão completa do esquema vacinal, os pacientes mostraram boas taxas de soroproteção para todos os antígenos analisados. Entretanto, foi observada baixa cobertura vacinal, principalmente para vacinas vivas atenuadas. A revacinação após o TCTH é imunogênica, no entanto, mais esforços deveriam ser dedicados de modo a aumentar a cobertura vacinal.