Em decorrência do seu estado clínico, as hospitalizações são uma constante na vida
do adolescente cardiopata. São comuns as idas ao hospital e as internações,
afastando-o do seu convívio social e familiar por longos períodos várias vezes ao
ano. No entanto, o hospital não pode ser compreendido pelo adolescente enfermo
como um ambiente apenas de dor e sofrimento. Nele sempre é preciso encontrar um
espaço que possa ser aproveitado para o desenvolvimento de atividades lúdicas,
pedagógicas e recreacionais, pois a internação não deve interromper sua
escolarização. Com base nesse cenário, o estudo tem como objetivo geral
compreender as repercussões das internações hospitalares na escolarização de
adolescentes cardiopatas, considerando o processo de ensino na saúde. Trata-se de
um estudo descritivo, de campo com abordagem qualitativa. A pesquisa foi
realizada na Unidade de Internação Pediátrica do Hospital de Messejana Dr. Carlos
Alberto Sturdat Gomes, Fortaleza/CE, tendo como participantes do estudo 18
adolescentes internados na unidade e seus respectivos pais/responsáveis, assim
como também a profissional responsável pelo desenvolvimento das atividades
pedagógicas para a população em estudo. Os dados foram coletados por meio de
entrevista semi-estruturada e narrativa, com análise a partir dos princípios da análise
temática de Minayo. Os resultados foram organizados em dois grupos, no primeiro
foram discutidos os dados oriundos dos adolescentes e pais/responsáveis,
posteriormente, apresentado o perfil e as percepções da profissional sobre o tema
em estudo. Os dados empíricos das entrevistas dos adolescentes e
pais/responsáveis permitiram a construção de três categorias: Convivendo com a
cardiopatia, Internação e as atividades pedagógicas desenvolvidas no hospital e
Atividades pedagógicas desenvolvidas no hospital. As discussões produzidas a
partir das falas dos adolescentes e seus pais/responsáveis evidenciaram que a
doença impõe limitações para as atividades diárias, inclusive ir a escola, fazendo
com que a família adote uma postura de proteção; as atividades realizadas no
hospital são vistas como uma forma de distração, não sendo parecidas com as
desenvolvidas na escola, e esta, por sua vez, não está preparada para lidar com um
aluno com essas características. A análise da entrevista da profissional mostrou que
existe ciência da necessidade de acompanhamento pedagógico para o adolescente
hospitalizado, entretanto, não é essa a realidade da unidade. Portanto, viabilizar o
atendimento de demandas além das biológicas é oportuno. As instituições de saúde
que prestam atendimento a criança e adolescentes devem estar cientes de seu
papel como promotora do desenvolvimento desses pacientes, já que este é um
direito do adolescente hospitalizado. A internação é apenas uma fase na sua vida.