Introdução: a osteoartrose do joelho caracteriza-se por um processo
degenerativo da cartilagem articular e do osso subcondral, sendo uma das
principais causas de dor, incapacidade funcional e perda da qualidade de
vida do idoso. A artroplastia total do joelho pode ser utilizada no
tratamento de pacientes idosos com estágios avançados da doença articular
degenerativa, com o objetivo de reduzir a dor, otimizar a função e
qualidade de vida nessa população. Pode ser dividida, de acordo com o
componente tibial, em dois tipos: artroplastia total com plataformas tibiais
fixa e móvel. Objetivo: este é um ensaio clínico randomizado que tem
como principal objetivo comparar a função e qualidade de vida dos
pacientes submetidos a artroplastia total de joelho com plataforma tibial
fixa e plataforma tibial móvel. Métodos: Foram avaliados 240 pacientes
com diagnóstico de osteoartrose de joelho. Os elegíveis pelos critérios de
inclusão e de exclusão foram randomizados em dois grupos: grupo A,
composto por 120 pacientes submetidos a artroplastia total de joelho com
plataforma tibial fixa e grupo B formado por 120 pacientes submetidos a
artroplastia com plataforma móvel. Todos foram avaliados de acordo com a
função e qualidade de vida pelos questionários validados para língua
portuguesa de WOMAC e SF-36, e escores de dor, por meio da Escala
analógica visual de dor, no pré-operatório e com seis meses, um ano, dois
anos, quatro anos e oito anos de cirurgia. Resultados: com relação aos
diversos domínios do SF-36, o comportamento médio dos escores de
capacidade funcional, aspectos físicos, dor e aspectos emocionais nos
grupos de pacientes foram estatisticamente diferentes ao longo do
XIII
seguimento (p < 0,05 interação). Os demais domínios de qualidade de vida
não apresentaram diferenças médias ao longo do seguimento, independente
do grupo (p > 0,05), e apenas os aspectos sociais apresentaram diferenças
entre os grupos, independentemente do momento de avaliação (p = 0,023).
Com ambas as próteses, houve aumento no escore de qualidade de vida
para dor do pré-operatório para os demais momentos (p < 0,05). Porém,
com dois anos de cirurgia, o escore médio do domínio dor do SF-36 dos
pacientes com prótese móvel foi estatisticamente maior que o dos pacientes
com prótese fixa (p < 0,001). Com relação à Escala visual analógica de dor
podemos observar que houve uma melhora nas pontuações de dor
estatisticamente significante a cada momento de avaliação (p < 0,05) em
ambos os grupos, mas em dois anos, o escore médio de dor foi
estatisticamente pior no grupo fixa (p < 0,001). Assim como na Escala
visual de dor, o escore médio do WOMAC dor apresentou melhora
(redução) ao longo do seguimento em ambos os grupos, principalmente do
pré para os demais momentos de avaliação (p < 0,05). Entretanto, com dois
anos de seguimento, o escore médio dos valores WOMAC dor foram
estaticamente piores no grupo fixa (p < 0,001). Os escores de função e
rigidez do WOMAC, apresentaram em média alteração ao longo do
seguimento em ambos os grupos de pacientes (p < 0,001), não havendo
diferença entre os tipos de prótese em qualquer momento da avaliação.
Houve, ainda piora do escore WOMAC função de dois para quatro anos e
de quatro para oito anos em ambos os grupos (p<0,001). Conclusão: Com
oito anos de seguimento, não observamos diferenças clinicamente
significantes na função e qualidade de vida de pacientes que submetidos a
artroplastia total de joelho com plataforma tibial fixa ou móvel. No entanto,
com dois anos de pós-operatório, os escores de dor do WOMAC e Escala
visual analógica foram piores no grupo submetido à prótese total de joelho
XIV
(PTJ) com plataforma tibial fixa, sendo que o domínio da dor teve mais
influência na qualidade de vida neste grupo.