Este trabalho propõe a análise do discurso produzido por falantes pertencentes a uma mesma cena enunciativa: um salão de beleza/estética. A base teórica se funda na Análise de Discurso de linha francesa, sobretudo, sob a ótica de Dominique Maingueneau. Engendrada nesse pilar teórico, a pesquisa se direciona a três conceitos fundamentais: o ethosdiscursivo, a cena enunciativa e a argumentação. A pesquisa tem uma abordagem qualitativa de caráter exploratório, na qual é feita a coleta de dados, considerando entrevistados de diferentes gêneros, idades, funções profissionais e escolaridades, que trabalham no salão Tássio’s Cabeleireiros. Partimos da seguinte pergunta de pesquisa: Como o ethosdiscursivo se constitui como mecanismo de argumentação no discurso de profissionais da beleza/estética, considerando-se a interferência do local de trabalho e as relações de poder como hierarquias e discursos minoritários? Os objetivos a que nos propusemos foram, com foco na constituição do ethosdiscursivo, analisá-la, considerando a interferência da cena enunciativa e, logo, das cenografias, bem como evidenciar a visão de si que cada sujeito revela a partir de sua profissão. A relevância deste estudo se dá, principalmente, em virtude de seu ineditismo, uma vez que não foi vislumbrado nenhum trabalho científico com a temática desta pesquisa, além, evidentemente, do anseio por explicações acerca de fenômenos discursivos evidenciados em um ambiente tão diversificado como o salão de beleza/estética. A hipótese inicial foi que a constituição do ethosdiscursivo dos sujeitos da pesquisa seria um elemento de argumentação, principalmente, a partir de tópicos como o gosto pela profissão, a ideia de preconceito e de (não) pertencimento ao grupo social de profissionais da beleza/estética, considerando-se a cenografia na qual cada sujeito produz sua enunciação. A análise do corpus– 04 entrevistas com funcionários do salão – confirma a hipótese e responde à pergunta da pesquisa, pois foi verificado que o ethosdiscursivo desses sujeitos se edifica como um elemento argumentativo, considerando-se, também, a Teoria dos Atos de Fala, de Austin (1990). Constatou-se, ainda, que a cena enunciativa sofre interferência do local de trabalho e das relações inter e intrapessoais que se estabelecem, caracterizando relações de poder, marcadas pelas hierarquias dentro desse ambiente.