A domesticação e estabulação dos animais contribuíram com alterações na forma de alimentação dos equinos, ocasionando mudanças também no desgaste dentário natural, tornando-o desordenado e até ineficiente, contribuindo de forma ampla para as desordens digestivas. O objetivo deste estudo foi investigar as implicações de um tratamento odontológico, sobre os parâmetros digestivos e metabólicos de equinos. Foram utilizados oito cavalos da raça Puro Sangue Árabe, machos, castrados, com idade média 80±7 meses e peso médio de 460±28 kg nunca submetidos a tratamento odontológico. Os animais foram alojados em baias individuais, alimentados com dieta constituída de 2% do peso corpóreo (PC) em MS/dia, divididos em 0,75% de concentrado peletizado formulado para equino em manutenção segundo o NRC (2007) e 1,25% de feno de gramínea (Cynodon sp. cv. Tifton 85).Os tratamentos foram divididos em grupo controle, grupo D20 (animais avaliados vinte dias após o tratamento odontológico) e grupo D40 (animais avaliados quarenta dias após o tratamento odontológico). Os animais passaram por um período de adaptação à dieta de 15 dias e 5 dias de coleta total de fezes (CTF). As diferentes amostras foram colhidas antes do tratamento odontológico, 20 e 40 dias após o tratamento. O grupo tratado foi submetido à sedação, e na sequência à redução de pontas excessivas de esmalte e ajuste de oclusão, buscando melhorar a amplitude dos movimentos mastigatórios. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado com medidas repetidas no tempo, e os dados foram submetidos à análise de variância considerando significância de 5%. Para glicose e insulina foi calculada a área abaixo da curva pela área do trapézio (AAC). Não foi observada significância (P>0,05) para as variáveis de digestibilidade aparente (MS, PB, MO, EE, FDN). Já a digestibilidade aparente do FDA teve redução significativa (P<0,005) dos grupos D40 e D20 em relação ao controle. Para perfil de AGCC e Ácido Lático nas fezes, não foram encontradas diferenças significativas para as variáveis de Ac. butírico e acético, podendo ser observado aumento de ácido propionico do grupo D40 em relação ao controle e redução do Ac. Lático do grupo D40 em relação ao controle. No perfil lipídico (colesterol, HDL,VLDL, LDL, triglicerídeos) não teve alterações significativas (P>0,05), assim como para a AAC para insulina e glicose sanguíneas. Os animais do grupo D40 tiverem redução significativa do peso (P<0,05). Pode-se concluir que o tratamento odontológico em equinos da forma como foi realizado nesse estudo possivelmente facilitou o acesso dos microrganismos intestinais à hemicelulose, o que pode ter mudado o padrão fermentativo, resultando numa diminuição do lactato e aumentando propiônico nas fezes, possivelmente acarretando numa melhora da saúde digestiva.