Objetivo: Avaliar os sintomas do transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) em gestantes com diagnóstico de anomalia congênita. Métodos: Estudo quantitativo com desenho transversal-correlacional. A amostra foi composta por 111 gestantes com diagnóstico de anomalia congênita, viável e inviável, atendidas no Ambulatório de Medicina Fetal da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) no período de novembro de 2013 a novembro de 2014. Os instrumentos utilizados para coleta de dados foram um questionário semiestruturado e uma escala do tipo Likert, a Escala do Impacto do Evento - Revisada (IES-R). Para a análise estatística, foram utilizados os seguintes testes: qui quadrado para as variáveis categóricas; t de Student ou Mann-Whitney para as comparações de variáveis contínuas; os coeficientes alfa de Cronbach e correlação de Pearson nos domínios que compõem a escala IES-R; modelos de regressão linear simples para avaliar, conjuntamente, o efeito do tempo do recebimento do diagnóstico de anomalia congênita, viável e inviável, com o escore total e dos domínios da IES-R. Resultados: As anomalias congênitas viáveis corresponderam a 66,6% dos casos e as inviáveis, a 33,3%. Dentre todos os casos de anomalias congênitas, 27% foram relacionados ao sistema nervoso, 24,3% ao aparelho circulatório e 19,8% ao urinário. As anomalias congênitas inviáveis foram anencefalia (35,1%) e aquelas relacionadas ao sistema urinário (27%) e respiratório (24,3%). As anomalias congênitas viáveis mais frequentes foram no sistema nervoso (31,1%) e no aparelho circulatório (27%). Os diagnósticos de anomalias congênitas foram estabelecidos no segundo trimestre gestacional (77,5%). As análises estatísticas realizadas com objetivo de comparar os sintomas de TEPT em gestante com diagnóstico de anomalia congênita, viável e inviável, identificaram que tanto a média de todos os domínios da IES-R (evitação, intrusão e hiperestimulação), como a soma das questões dos domínios da IES-R foram altas em todas as gestantes com diagnóstico de anomalia congênita, mas foram superiores nas gestantes com diagnóstico de anomalia congênita inviável. Ao se utilizar um corte de 5,6 unidades no escore total da IES-R, 46,8% de todas as gestantes com diagnóstico de anomalia congênita apresentaram sintomas de TEPT, porém este foi mais frequente entre as gestantes com diagnóstico de anomalia congênita inviável (64,9%) do que entre aquelas com fetos viáveis (37,8%). Ao avaliar a correlação entre os domínios da escala IES-R, notou-se que as questões de intrusão e hiperestimulação estiveram mais correlacionadas entre si do que com o domínio de evitação. Entre as gestantes com diagnóstico de anomalia congênita, tanto viável quanto inviável, pareceu existir uma relação decrescente, embora fraca, dos sintomas de TEPT, em relação ao tempo da notícia do diagnóstico de anomalia congênita. Conclusão: As sintomatologias do TEPT estiveram presentes em gestantes com diagnóstico de anomalia congênita, tanto viável quanto inviável. O TEPT pode ocasionar repercussões imediatas e tardias nas gestantes com tais diagnósticos.