INTRODUÇÃO: O avanço do conhecimento científico e das inovações tecnológicas empregadas na assistência ao recém-nascido prematuro possibilitou maior sobrevida dessa população. Essas circunstâncias podem acarretar inúmeros efeitos deletérios sobre o desenvolvimento e até mesmo ocasionar estresse e a privação de sono. OBJETIVOS: Analisar a influência do uso de protetores auriculares nas concentrações de cortisol salivar basal e resposta e no tempo total de sono de prematuros, durante períodos de manejo do ambiente de uma unidade de cuidado intermediário neonatal. MÉTODOS: Estudo clínico, randomizado, controlado, cruzado, conduzido em uma unidade de cuidado intermediário neonatal. Amostra constituiu-se por 12 prematuros que atenderam aos critérios de inclusão estabelecidos. O uso ou não dos protetores auriculares foi randomizado, o que permitiu a formação de dois grupos. Os dados foram coletados entre julho de 2013 e fevereiro de 2015, nos horários de manejo do ambiente matutino e vespertino de da unidade neonatal. Amostras de saliva dos prematuros foram coletadas antes do início (cortisol basal) e ao final (cortisol resposta) dos períodos investigados. Obteve-se 48 amostras de saliva, sendo a análise do cortisol salivar realizada por meio do método imunoenzimático. Utilizou-se o polissonígrafo Alice 5 (Respironics®) e a observação não estruturada para coleta dos dados relativos ao sono. Empregou-se testes paramétricos (teste-t dependente e independente), não-paramétricos (Correlação de Spearman, Wilcoxon), regressão linear e modelos lineares mistos. Adotou-se nível de significância de 5%, poder de 80%. RESULTADOS: Os prematuros eram predominantemente do sexo feminino (66,7%), com idade gestacional média de 32,5 (±2,1) semanas, segundo a data da última menstruação, e média de idade cronológica de 18,3 (±6,7) dias, peso médio ao nascer de 1499,2(±330,4)g e atual de 1635,4(±218,7)g. Pouco mais da metade (58,3%) das mães dos neonatos fizeram uso de corticoide pré-natal e essa mesma proporção de prematuros recebeu cafeína durante a hospitalização. Não se identificou diferença significante entre os níveis de cortisol salivar basal e resposta nos prematuros que não fizeram uso dos protetores auriculares (p= 0,594) e aqueles que usaram (p= 0,668). No entanto, observou-se uma forte correlação entre o cortisol basal e resposta nos momentos sem (p= 0,007) e com (p<0,001) protetores auriculares. Não se evidenciou diferença estatisticamente significante no tempo total de sono entre os dois grupos avaliados (p= 0,149). Os prematuros durante o uso dos protetores auriculares apresentaram aumento de sono ativo (p=0,033), mas sem o uso desses dispositivos tiveram maior tempo total de sono. Não foi observada relação entre as concentrações de cortisol basal e resposta e o tempo total de sono. CONCLUSÃO: O uso dos protetores auriculares não influenciou as concentrações de cortisol salivar e o tempo total de sono nos períodos de manejo ambiental, mas favoreceu o aumento do tempo de sono ativo nos neonatos. A redução das concentrações de cortisol resposta em relação ao cortisol basal em ambos os grupos, revelou que os períodos de manejo do ambiente podem ter favorecido a diminuição do cortisol salivar resposta.