A presente dissertação de Mestrado objetiva analisar, à luz da teoria de literatura fantástica, mais precisamente sob sua vertente gótica, o romance Frankenstein or The Modern Prometheus (1818), de Mary Shelley. Para tal, serão levados em conta os estudos teóricos de Todorov (1970/2014), Furtado (1980), Kilgour (1995), Botting (1996), Fisher (2002), Punter (2004/2012) e Roas (2014), em relação ao fantástico, ao gótico e aos procedimentos narrativos, bem como os escritos de Freud (1919/1930), Rank (1925/2013), Rosset (1985/2008) e Ceserani (2006) acerca do conceito do duplo em Paes (1985) e Gonçalves Neto (2011) em relação ao mito. O romance, pertencente à literatura gótica, apresenta personagens conflituosas, cindidas e portadoras de indagações internas e estabelece conexões entre tais personagens e seus respectivos duplos. Assim, esta pesquisa, de cunho analítico-interpretativo e viés teórico gótico, almeja analisar, a partir da análise dos duplos e da monstruosidade presentes em Frankenstein, de que maneira o romance se insere em uma crítica que se relaciona com a busca da expressão de uma subjetividade suprimida pelo discurso cientificista e racional tributário do Iluminismo do século XVIII e ainda recorrente, em certa medida, na literatura do século XIX. Vale salientar que o romance que constitui o corpus desta pesquisa apresenta, assim, temática anticientificista, o que remete a um momento de perspectiva de debate, de questionamentos e críticas sobre a preponderância do cientificismo e racionalidade, fortemente presentes no século XIX e ao qual a obra parece se opor, enquanto representante da vertente gótica.