O plasma rico em plaquetas (PRP) é um produto obtido do sangue total, através de uma ou duas centrifugações, resultando em um pequeno volume de plasma contendo elevado número de plaquetas e fatores de crescimento. Os fatores de crescimento provenientes dos α-grânulos plaquetários são componentes importantes na homeostase de tecidos lesados, iniciando e regulando alguns estágios da cicatrização tecidual, por promover quimiotaxia, proliferação e diferenciação celular, neovascularização e deposição de matriz extracelular. A cicatrização das feridas localizadas distais ao carpo ou tarso de equinos, e geralmente complicada pela falta de tecido de revestimento, menor suprimento sanguíneo, baixa concentração de oxigênio nos tecidos e maior risco de contaminação bacteriana. Em muitos casos quando as feridas não são tratadas adequadamente, poderão tornar-se crônicas, com crescimento exacerbado do tecido de granulação. As tendinites e desmites são patologias caracterizadas pela degeneração de tendões e ligamentos. O mecanismo de degeneração tecidual destas estruturas é atribuído a fatores mecânicos, vasculares e inflamatórios. As lesões tendíneas e ligamentares comprometem a performance atlética de equinos e cursam com longos períodos de cicatrização, devido às características de composição histológica, anatômica e biomecânica destas estruturas. Na presente tese, são apresentados estudos com equinos, com a finalidade de avaliar o efeito clínico e índice de recidivas da utilização do PRP associado à exercícios controlados no tratamento de lesões tendíneas e ligamentares, avalidos por meio do exame clínico e ultrassonográfico (CAPÍTULO 1). Neste estudo também foi avaliado o processo de cicatrização de feridas cirúrgicas, localizadas na região distal dos membros locomotores, tratadas por três métodos distintos de aplicação do PRP e avaliada através da evolução clínica e histopatológica, objetivou-se determinar a melhor forma de aplicação do PRP em feridas cutâneas de equinos (CAPÍTULO 2). No capítulo 1, foram incluídos oito equinos, com idade média de 5 anos (± 2,6), diagnosticados com lesões em tendões e ligamentos, através da avaliação clínica e ultrassonográfica. Esses animais foram submetidos ao tratamento intralesional com PRP, guiado por ultrassonografia. Os animais diagnosticados com tendinite (4/8) tiveram escore das lesões de 2,3 (±0.57)(escala 1 a 3), média da concentração plaquetária de 512.250 /µl (± 144.965) e tempo médio de cicatrização de 262 dias (± 82) (tabela 2). Em contrapartida, os animais com desmite (4/8) no ligamento suspensório apresentaram escore das lesões de 2,6 (± 0,57)( escala 0 a 3), média da concentração plaquetária de 566.500 /µl (± 97.722) e tempo médio de cicatrização de 120 dias (± 42) (tabela 3). Neste estudo não foi observada correlação entre o número de plaquetas do PRP e o tempo de cicatrização das tendinites e desmites. A monitoração clínica e ultrassonográfica da resposta às injeções intralesionais de PRP, seguidas de programa de incremento gradual de exercício, permitiu que os cavalos retornassem à sua atividade atlética prévia sem recidiva das lesões.
No capítulo 2 foram utilizados oito equinos hígidos, com idade média de 8 anos (± 3,76), onde foram criadas quatro feridas cutâneas de 4 cm2 de área, no aspecto dorsolateral do terceiro osso metarcapiano, duas no membro anterior esquerdo (A1 e A2) e duas no membro anterior direito (A3 e A4). As lesões cutâneas foram tratadas de acordo com o grupo estabelecido. No grupo (G) I, as lesões cutâneas foram tratadas com infiltração de PRP nas bordas da ferida, no GII o PRP foi utilizado na forma gel sobre a área total da ferida, no GIII foi usado PRP homólogo e o GIV como grupo controle (apenas aplicação de solução fisiológica) com infiltração nas bordas da ferida. No mesmo animal, cada uma das quatro feridas foi designada a um dos quatro grupos de tratamentos, de forma aleatória. Para cada grupo de tratamento obtivemos oito repetições em regiões distintas nos membros anteriores, nos oito cavalos avaliados. Nas feridas tratadas com o GII houve redução de 15 dias no tempo de cicatrização quando comparada às feridas tratadas com o GIV. Na análise histopatológica o GII apresentou maior frequência de inflamação leve e neovascularização leve a moderada, nas biópsias 1 e 2. O GIV apresentou a maior intensidade de granulação das feridas entre os grupos avaliados. O PRP na forma gel, tanto na avaliação clínica como na histopatológica apresentou o melhor resultado na aplicação em feridas cutâneas no membro distal de equinos. O PRP homólogo também pode ser utilizado como terapia celular adjuvante na cicatrização cutânea de equinos.