A presente pesquisa teve por objetivo investigar a constituição leitora de membros do Programa de Extensão BALE, com base em narrativas produzidas por membros que atuam/atuaram na equipe da cidade de Pau dos Ferros/RN. A análise incide na mediação da leitura e nos sentidos atribuídos ao Programa pelos membros, para sua autoformação leitora, estabelecendo relações entre as memórias de leituras desses membros com sua atuação no BALE. Assim, nosso olhar está na constituição do leitor crítico, ativo e livre, e para definir esse leitor nos respaldamos nas discussões de Freire (1985); Lajolo (2007) e Silva, E. (2009); sobre o papel da mediação e autoformação de leitores nos respaldamos nos estudos de Vigotsky (1998) e Chartier (1999); acerca das experiências do leitor com o texto literário vimos em Iser (1999), Jauss (1979/2002) e Zilberman (2004); as experiências formadoras em Josso (2008), Passeggi (2011) e Larrosa (2009). Optamos pela abordagem qualitativa ao gerar dados a partir das narrativas escritas pelos colaboradores da pesquisa, da entrevista coletiva e aplicação de um questionário. Esses instrumentais possibilitaram aos colaboradores contarem suas histórias de vida e através dessas histórias observamos que eles demonstraram suas relações com a leitura, enfatizaram o papel do BALE na sua constituição enquanto leitores no espaço escolar e não escolar, evidenciaram a importância do mediador de leitura e apontaram o Programa BALE como o responsável principal pelo seu processo de constituição leitora. Mediante análise, constatamos que as experiências de leitura no espaço escolar dão-se, por “hábito”, e desse depende o desempenho do aluno no cumprimento de tarefas durante a etapa de escolarização, do que concluímos que apesar das mudanças ocorridas nas últimas décadas em relação às concepções de leitura, a escola ainda desenvolve atividades mecanizadas que não contribuem para formar leitores; constatamos, também, o papel da família na formação de leitores, uma vez que devemos iniciar essa formação desde cedo. Os colaboradores sinalizaram, ainda, a importância do mediador de leitura, esse está presente no Programa BALE, o que lhes permitiram viver experiências estéticas com a leitura, de forma dialógica em que ao recepcionar o texto, o mesmo lhe provoca um efeito que faz com ele se posicione diante do texto produzindo novos significados com a possibilidade de se posicionar criticamente. Essas experiências com a leitura permite aos sujeitos uma transformação de si, advinda da reflexão de sua própria experiência. Assim, os resultados da pesquisa sinalizam a necessidade de mediadores de leitura na constituição de leitores e de iniciativas como o Programa BALE, uma vez que experiências positivas com a leitura contribuem de forma efetiva na formação de leitores.