As décadas de 1990 e 2000 foram marcadas por um conjunto de reformas nas políticas públicas de educação no Brasil. Tais reformas ocorreram no bojo de um amplo processo de reestruturação do Estado e da consolidação do ideário neoliberal - via Plano Real - iniciados em meados da década de 1990, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Nesse sentido, as diretrizes do pensamento neoliberal também passaram a orientar a formulação e gestão de políticas e programas governamentais na área da educação. E, especificamente, no caso da educação profissional, a definição de novas diretrizes de ensino teve como seu principal instrumento jurídico-normativo o Decreto n° 2.208/97 de 17 de abril de 1997, que permitiu a estruturação de cursos em módulos de curta duração e a separação entre a rede de educação profissional e a estrutura educacional regular. Nesta nova conjuntura de crise do emprego, reestruturação produtiva e implantação de reformas neoliberais, as novas demandas do mercado capitalista impuseram um novo perfil de mão-de-obra, cuja formação para o trabalho necessariamente deveria ser norteada pelo modelo de competências e habilidades, sendo que, tal processo de construção de hegemonia do modelo de competências no âmbito da educação técnica foi desenvolvido no interior das instituições federais de ensino profissionalizante sob a orientação do Ministério da Educação (MEC). No entanto, o início da década de 2000 marcou o advento do governo de Luís Inácio Lula da Silva e tal mudança de governo trouxe mudanças nas esferas socioeconômicas, política e ideológica, influenciando também a estrutura educacional do Brasil. E no que se refere especificamente à educação profissional, o Decreto 5.154/04 estabeleceu as bases de criação do modelo de ensino médio integrado. Já, no início da década de 2010, coube a Dilma Rousseff - sucessora de Lula - a responsabilidade de continuar o conjunto de reformas empreendidas pelo seu padrinho e mentor político. E no âmbito das políticas e diretrizes educacionais voltadas para o ensino profissional, o novo governo promoveu obras de ampliação e expansão da rede federal de ensino técnico, fato que explica a criação do PRONATEC. Isto posto, afirma-se que esta pesquisa pretende analisar o PRONATEC como programa destinado à educação profissional técnica para atender as demandas do ciclo desenvolvimentista iniciado no governo Lula e os interesses políticos do neopopulismo lulista e de sua sucessora, a presidenta Dilma Rousseff. Nesse sentido, são utilizados pressupostos e paradigmas do materialismo dialético, sendo que a pesquisa será de caráter qualitativo e explicativo, utilizando como métodos a pesquisa bibliográfica e documental. E ao final desta, espera-se como resultado uma maior percepção sobre o PRONATEC como política pública de ensino profissionalizante, sobre a sua viabilidade como possível alternativa de revigoramento do modelo de competências e da modalidade de ensino concomitante no âmbito do ensino médio profissional e também uma avaliação se este programa representa um avanço ou um retrocesso no cenário da educação técnico-profissional do país.