As diferentes técnicas convencionalmente empregadas para castração de bovinos provocam dor e estresse, podendo gerar perdas de produtividade. Nesse contexto, métodos alternativos de castração como o uso de vacinas que promovem a inibição do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) tem se popularizado. Embora diversos trabalhos tenham comprovado a eficácia da vacinação anti-GnRH para imunocastração de machos bovinos adultos, questões como a reversibilidade dos efeitos clínicos da vacinação especialmente quando utilizada em animais pré e peri púberes permanece sem uma definição clara na literatura. Este trabalho teve por objetivo avaliar o efeito da imunização anti-GnRH sobre a espermatogênese, desenvolvimento testicular e ganho de peso de bezerros mestiços criados a pasto. Para o estudo foram selecionados 18 animais 1/2 sangue Holandês/Gir com idade média de 5 meses. Os animais foram divididos em 03 grupos: Controle (GC, n=6), animais inteiros não submetidos à vacinação; Grupo tratamento pré-púbere (G1, n=6), administração de 1 ml da vacina anti-GnRH Bopriva®/sc 1 vez ao mês por 3 meses; Grupo tratamento peri-púbere (G2, n=6) tratamento iniciado apenas quando os animais atingiram 9 meses de idade, na mesma dose e frequência do G1. Todos os bezerros foram avaliados mensalmente através de pesagens, punções aspirativas testiculares, ultrassonografia escrotal e exame clínico reprodutivo pelo período de 8 meses. Os dados gerados foram avaliados através de modelo linear geral (GLIMMIX, SAS®, Cary, USA). Não foram observadas diferenças para o percentual de células de linhagem espermática e células de Sertolli comparando-se os 3 grupos experimentais durante os dois primeiros meses do estudo (p>0,05). No entanto, menor número de espermatogônias foi observado após a 2ª dose de vacina nos animais do G1 (16,91a, 11,41b e 17,27a, respectivamente para os grupos GC, G1 e G2; p=0,0003) e posteriormente também para os animais do G2 após a 2ª dose de vacina (15,58a, 11,58ab e 10,50b, respectivamente para GC, G1 e G2, p=0,0287). A contagem de células de Sertolli foi superior para os animais do G1 após a 2ª aplicação da vacina em comparação ao grupo controle (41,00a e 23,83b, respectivamente; p<0,0001), elevação não observada após as vacinações do G2. Houve diferença na circunferência escrotal quando comparados os animais dos 3 grupos ao longo do período experimental (p>0,05). A ecotextura do parênquima testicular foi semelhante entre os grupos estudados, com exceção do G1 que apresentou menor ecogenicidade testicular após a terceira dose da vacina. Maior ganho de peso total (GPT) foi associado aos animais do G1 e G2 quando comparados ao controle. Conclui-se que os efeitos da vacinação são reversíveis, mesmo quando utilizada em bovinos pré-púberes. No entanto, pelo controle do início da atividade sexual e reprodução foi associado maior ganho de peso total dos animais tratados em relação ao grupo controle, justificando a vacinação de bovinos pré-púberes.