OBJETIVO:Investigar os efeitos de um programa regular de caminhada supervisionada em mulheres com SSp. Métodos: ensaio clínico controlado randomizado cego com intenção de tratar com 45 mulheres classificadas como SSp de acordo com o Critérios do Consenso Europeu Americano (2002), randomizadas no grupo de tratamento (GT, n= 23) e no grupo controle (GC, n= 22). Os instrumentos de avaliação Functional Assessment of Chronic Illness Therapy Fatigue Subscale (FACIT-Fatigue), Beck Depression Inventory (BDI), e EULAR Sjögren’s Syndrome Patient Reported Index (ESSPRI) foram aplicados antes de iniciar o estudo (T0), após 8 semanas (T8) e ao término do programa (T16). O EULAR Sjögren’s Syndrome Disease Activity Index (ESSDAI), o Medical Outcomes Study 36 (SF-36) e o teste ergométrico para avaliar a capacidade aeróbica foram realizados no T0 e T16. A caminhada supervisionada do GT teve duração de 16 semanas, 3 vezes por semana, em uma intensidade de 80% da FCpico alcançada no teste ergométrico, com duração de 30 a 60 minutos. Resultados: Quatro pacientes do GT e 2 pacientes do GC descontinuaram o estudo. A PCR (p= 0,005), CPK (p= 0,018), C4 (p< 0,001), VO2max (ml.kg-1.min-1) (p= 0,002), BDI (p= 0,001), domínios vitalidade (p= 0,003) e aspectos emocionais (p= 0,012) e componente mental do SF-36 (p= 0,009) do SF-36 aumentaram em ambos os grupos. O FACIT-fatigue (p= 0,042) e a distância percorrida no teste ergométrico (p= 0,020) melhoraram apenas no GT. Não houve diferença estatisticamente significante ao longo do tempo nas demais variáveis e nem entre os grupos através da ANOVA com medidas repetidas. A média da diferença entre os grupos no T16 do VO2max (ml.kg-1.min-1) (p= 0,016), da distância (p= 0,043) e do FACIT-fatigue (p= 0,030) foram maiores no GT do que no GC. No GT houve correlação estatisticamente significante entre a melhora do VO2max (ml.kg-1.min-1) e a melhora do FACIT-fatigue (r= 0,418, p= 0,047), domínios do SF-36 capacidade funcional (r= 0,557, p= 0,006) e estado geral de saúde (r= 0,525, p= 0,010) e componente físico do SF-36 (r= 0,478, p= 0,021), sendo que a melhora da fatiga (FACIT-fatigue) se correlacionou significativamente com a melhora do VO2max (ml.kg-1.min-1) (r= 0,418, p= 0,047), ESSPRI fadiga (r= -0,677, p< 0,001), ESSPRI dor (r= -0,429, p= 0,041), ESSPRI total (r= -0,630, p= 0,001), BDI (r= -0,474,
xvii p=0,022), com os domínios do SF-36 capacidade funcional (r= 0,682, p< 0,001), aspectos físicos (r= 0,552, p= 0,006), estado geral de saúde (r= 0,423, p= 0,044), aspectos sociais (r= 0,425, p= 0,043) e saúde mental (r= 0,586, p=0,003) e com os componentes dos SF-36 físico (r= 0,522, p= 0,011) e mental (r= 0,456, p= 0,029). No GT 95,4% dos pacientes se avaliaram como tendo melhora contra 62% dos pacientes no GC (p= 0,049). A média da frequência às sessões de treinamento foi de 72,4% (21 - 92%). Conclusão: Este programa de caminhada supervisionada demonstrou ser viável e seguro com melhora da capacidade aeróbica, tolerância ao exercício, fadiga e percepção de melhora clínica em mulheres com SSp. Houve também associação da melhora da capacidade aeróbica com a melhora da fadiga e do componente físico da qualidade de vida, bem como associação entre a melhora da fadiga e a melhora da depressão e dos componentes físico e mental da qualidade de vida.