No experimento I objetivou-se analisar a secreção traqueal de cavalos sadios
submetidos ao teste de simulação de vaquejada através de exame endoscópico e lavado
traqueal e observar o perfil citológico desses cavalos. No experimento II objetivou-se
comparar a eficiência do lavado traqueal (LT) e broncoalveolar (LBA) em cavalos
submetidos ao teste de simulação de vaquejada para diagnóstico da Hemorragia
Pulmonar Induzida por Esforço. Além disso, determinar via endoscópica a ocorrência
das principais afecções respiratórias que acometem os cavalos de vaquejada. Foram
utilizados 21 animais puros e mestiços da raça quarto de milha (esteira puxar) sem
preferência por sexo com idade variando entre quatro e quinze. Foi realizado exame
clínico de todos os animais antes da prova aferindo-se frequência cardíaca, respiratória,
temperatura, tempo de perfusão capilar, motilidade intestinal e ausculta pulmonar. Foi
verificado o tempo médio para cada animal para análise da velocidade média e realizado
colheita sanguínea para hemograma e dosagem do lactato sanguíneo em diferentes
tempos (T0, T15, T30, T60). A simulação da vaquejada foi caracterizada por 5 corridas
com o cavalo de puxar e o esteira utilizando o boi. Decorridos 30 a 60 minutos da prova
foi realizado o exame endoscópico e o lavado traqueal e broncoalveolar. O material
coletado foi enviado ao laboratório onde foi processado e contagem celular. No
experimento 01 A contagem diferencial média de células do aspirado traqueal foi de
45,37 ± 8,25 de células epiteliais; 0 de células caliciformes; 25 ± 9,59 de neutrófilos;
4,25 ± 1,01 de linfócitos; 0,25 ± 0,16 eosinófilos; 11,5 ± 5,51 de macrófagos
espumosos; 5,87 ± 2,02 de hemossiderófagos e 0,87 ± 0,74 de células gigantes. Todos
os animais apresentavam-se clinicamente normais e não havia nenhuma queixa de
queda de performance. Segundo o exame físico realizado antes da prova observaram-se
46,5±4,73 batimentos cardíacos por minuto, 33,75±3,36 movimentos respiratórios por
minuto. Durante a prova observou-se que os animais desenvolveram uma velocidade
média de 40,11Km/h não foi observado em nenhum dos animais epistaxe ou secreção
mucosa nasal ao exame externo. A quantidade de solução salina aspirada para a
lavagem traqueal foi de 18,87±0,63ml. Não foram identificadas diferenças nos
parâmetros analisados entre os cavalos de puxar e de esteira. (P>0,05). No experimento
02 nenhum dos animais necessitou de prévia sedação para o exame clínico e para o
exame endoscópico. Todos os animais apresentavam-se clinicamente normais e não
havia nenhuma queixa de queda de performance. Segundo o exame físico realizado
antes da prova observaram-se 40,86±2,42 batimentos cardíacos por minuto, 22,57±4,38 movimentos respiratórios por minuto. Após a prova não foi observado em nenhum dos
animais epistaxe ou secreção mucosa nasal ao exame externo. Não foi observada
diferença na contagem diferencial média de células do aspirado traqueal e
broncoalveolar nos diferentes grupos estudados. Os achados endoscópicos encontrados
nos cavalos 30 a 60 minutos pós prova, no qual foi observado: hiperplasia folicular
linfóide em 9,5% dos animais, granuloma aritenóide em 4,8%, condrite na epiglote em
23,8% dos quais 9,5% eram de puxar e 14,28% de esteira; e hemiplegia laringeana em
4,8% dos animais. Quanto a presença de secreção traqueal observou-se que ocorreu em
52,38% doa animais (11/21), destes 42,8% eram de puxar e 9,5% de esteira e que a
hemorragia pulmonar ocorreu em 4,8% (1/21) sendo este de esteira confirmando via
endoscópica a ocorrência de HPIE. Os valores de lactato (15,84±1,13 pré teste e
35,21±0,99 pós teste) e glicose (133,71±10,12 pré teste e 151,07±10,12 pós teste)
sanguíneos antes e após o exercício, demonstrando o perfil de consumo energético bem
como a capacidade atlética dos animais. Com a realização dos experimentos permite-se
concluir que o exame endoscópico e a citologia do lavado traqueal são ferramentas
fundamentais para o diagnóstico de afecções respiratórias, haja vista que a endoscopia
permite identificar desordens funcionais e a citologia possibilita a visualização do tipo
celular predominante permitindo identificar a patologia existente como HPIE ou IAD.
Além disso conclui-se que a vaquejada e as provas de velocidade são esportes equestres
que induzem hemorragia pulmonar e que a HPIE é provavelmente um evento patológico
relacionado a falha nos capilares pulmonares ou doenças pulmonares. Ainda é permitido
concluir que o exame endoscópico, a citologia do lavado traqueal e broncoalveolar são
ferramentas importantes para diagnosticar a HPIE e que o LT é tão sensível quanto o
LBA e de maior facilidade na execução para detectar o tipo celular predominante nessa
afecção, mesmo quando o animal for negativo ao exame endoscópico.