Objetivos: Avaliar os mecanismos moleculares envolvidos no aumento dos efeitos citotóxicos da Ara-C pelo carbonato de lítio (LIT) em células leucêmicas HL-60, e analisar as possíveis propriedades antileucêmicas do ácido ursólico (URS), a princípio sozinho, objetivando estudos em terapias combinadas com a Ara-C. Métodos: As linhagens leucêmicas HL-60 e NB4 foram utilizadas como modelo de estudos nos seguinte ensaios: Redução de MTT; incorporação do corante vital azul de tripano; avaliação de morte celular pela marcação de DNA fragmentado; análise das fases do ciclo celular com iodeto de propídeo; avaliação das modalidades de morte celular pelo marcação simultânea com iodeto de propídeo (PI) e anexina-V-FITC; semi- quantificação das proteínas p62, LC3-II, PRAM-1, RARα e GSK3-β por Western Blotting; avaliação da ativação da proteína caspase-3; ensaio de cultura clonal; imunofenotipagem para CD11b e CD15; produções e infecções lentivirais e a avaliação de alterações morfológicas pela técnica de coloração de Leishman. Resultados: Inicialmente, referente ao possível aumento dos efeitos citotóxicos da Ara-C pelo LIT em células NB4, foi verificado que este último não foi citotóxico quando utilizado de forma isolada, e não aumentou os efeitos citotóxicos da Ara-C nesta linhagem. Em relação ao aumento da atividade da Ara-C em células HL-60, verificado em estudos anteriores, utilizando o LIT, inibidor da via glicogênio sintase quinase 3 (GSK3), foi verificado o envolvimento parcial da proteína caspase-3 na associação AC+LIT. Embora as células tratadas com Ara-C tenham apresentado diminuição significativa nos níveis de expressão proteica de RARα, aumento do marcador CD11b e diminuição de CD15, estas não tiveram estes parâmetros alterados quando associadas ao LIT. Foi observado ainda que o silenciamento de GSK3-β inibiu o aumento dos efeitos citotóxicos de Ara-C pelo LIT, denotando assim a importância desta via de sinalização do aumento da atividade citotóxica da Ara-C pelo LIT. Já os estudos utilizando o URS demonstraram que este possui efeitos citotóxicos significativos de maneira concentração e tempo dependentes, desencadeando morte celular dos tipos necrose, apoptose secundária e apoptose a partir de 4 horas de exposição. O URS também diminuiu a formação de colônias, modulou a autofagia e levou a formação de vacúolos. O URS não alterou os marcadores de diferenciação celular CD11b e CD15 e nem os níveis da proteína PRAM-1 na linhagem NB4. Os efeitos do URS em ambas as linhagens não foram ciclo-dependentes, pois não foram
verificadas alterações das fases do ciclo celular. O URS também não alterou os níveis da proteína GSK3-β, assim como não aumentou os efeitos citotóxicos causados pela Ara-C. Conclusões: Sugere-se que o aumento dos efeitos citotóxicos de Ara-C pelo LIT depende da inibição de GSK3-β, estimulando estudos adicionais visando a elucidação desta ação para futuros alvos terapêuticos nas leucemias. Quanto aos efeitos antileucêmicos do URS, este foi significativamente citotóxico para as linhagens, possivelmente devido a sua modulação sobre o processo autofágico e formação de vacúolos, efeitos estes que ocorreram de forma independente de ações sobre o ciclo celular e da via GSK3-β, sugerindo assim menor ação citotóxica para tecidos normais, o que estimula estudos pré-clínicos para possível aplicação na terapia antileucêmica.