Introdução: Infecções de sítio cirúrgico após craniotomias são complicações que atingem diretamente o prognóstico do paciente, contribuindo para o aumento de dias de internação hospitalar, da morbimortalidade e reabordagem cirúrgica. Objetivos: Determinar a incidência de ISC em pacientes submetidos à craniotomia; identificar os fatores de risco para o desenvolvimento de ISC após realização de craniotomias; comparar o tempo de duração da vigilância pós-alta nos períodos de doze meses versus três meses, sobre a incidência da infecção de sítio cirúrgico em pacientes submetidos à craniotomia. Método: Foi realizado um estudo tipo coorte, envolvendo pacientes submetidos à craniotomia, no período de 01 de janeiro a 30 de junho de 2014, no Hospital São Paulo, Hospital Universitário da UNIFESP. Também foi realizado um estudo tipo caso-controle aninhado (Nested Case Control), onde foram avaliados os fatores de risco para ISC. Todos os pacientes incluídos no estudo foram avaliados nos períodos pré, trans e pós-operatório e tiveram seguimento de um ano para análise do desenvolvimento das ISC. Resultados: A incidência de infecção de sítio cirúrgico em 173 pacientes submetidos à craniotomia no período analisado foi de 11,56%. Vinte ISC foram diagnosticadas, sendo, 13 (65%) órgão/espaço, 4 (20%) incisional superficial e 3 (15%) incisional profunda. O microrganismo predominante nas infecções de sítio cirúrgico foi Staphylococcus aureus, 3 (15%). A média do tempo entre o procedimento e o diagnóstico de infecção de sítio cirúrgico foi de 34 dias (DP ± 48,9). A média de idade foi de 51,9 anos, sendo 51% do sexo masculino. Os fatores de risco independentes para infecção do sítio cirúrgico, após análise multivariada foram: tempo cirúrgico maior que 4 horas (OR = 1,49; IC95% = 0,96; 2,30; p = 0,076), tempo de permanência do dreno superior a três dias (OR = 4,67; IC95% = 1,34; 16,00; p = 0,015) e número de procedimentos > 1 (OR = 4,38; IC95% = 1,14; 16,74; p = 0,030). Quando comparamos a incidência das ISC com três períodos de vigilância pós-alta, obtivemos para o grupo de pacientes com e sem implantes: até 30 dias, 15 (8,67%); até 90 dias, 19 (10,98%); até 1 ano, 20 (11,56%). Para o grupo de pacientes com implantes obtivemos: até 30 dias, 8 (7,54%); até 90 dias, 9 (8,49%); até 1 ano, 10 (9,43%). Isto é, com a redução do período de vigilância para 90 dias, de dez ISC diagnosticadas no grupo de pacientes que utilizaram implantes, 1 (10%) ISC não seria detectada,reduzindo a incidência de ISC em 0,94% para craniotomias que utilizaram implantes e 0,58% para pacientes com e sem implantes. Para craniotomias sem implantes, nenhuma ISC seria perdida após o período de três meses de vigilância, no entanto, 3 (30%) ISC a mais seriam diagnosticadas no período em que a vigilância não era realizada anteriormente (31-90 dias), aumentando a incidência de ISC em 4,48%. No grupo de pacientes que usou implantes, houve maior sensibilidade durante o período de vigilância realizada por um ano 100% (VPP = 100%), quando comparada aos períodos, de até 30 dias 80% (VPP = 100%), e até 90 dias 90% (VPP = 100%). Conclusão: O estudo demonstra que a incidência da infecção de sítio cirúrgico após realização de craniotomias é alta. A redução da duração do período de vigilância pós-alta de um ano para três meses, não causou perdas significativas do número de ISC e tampouco queda substancial da incidência destas infecções. Os fatores de risco independentes para ISC foram: tempo cirúrgico maior que 4hs, tempo de permanência do dreno superior a três dias e número de procedimentos cirúrgicos realizados por paciente maior que um.