Teresina tem passado por importantes transformações socioeconômicas e, consequentemente,
por significativas mudanças na sua organização espacial. Encontra-se entre as vinte e duas
maiores cidades brasileiras. O que torna o ato de planejar e gerir a cidade bastante complexo.
Por isso, o conhecimento e a delimitação espacial das várias realidades urbanas, por meio da
regionalização, é um importante instrumento de definição de prioridades, subsidiando o
planejamento das políticas públicas municipais e a gestão da cidade. Dessa forma, a presente
pesquisa pretende analisar a regionalização oficial da cidade de Teresina, à luz do
planejamento e da gestão urbana, considerando seus pressupostos, conceitos, critérios e
implicações diante da atual organização espacial da cidade, tendo em vista as experiências de
outras cidades brasileiras. Em face da necessidade de perceber a complexa realidade urbana
de Teresina, em suas múltiplas dimensões, muitas vezes contraditórias e complementares,
adotou-se a dialética como método de abordagem, utilizando-se de procedimentos como
pesquisa de referencial teórico, pesquisa documental, observações diretas, além de entrevistas
semiestruturadas a representantes da Prefeitura Municipal de Teresina, dos movimentos
sociais, do legislativo municipal, técnicos da área de planejamento, do setor privado e
pesquisadores. Verifica-se, portanto, a necessidade de se refletir sobre o quanto a
regionalização oficial da cidade tem acompanhado as transformações socioespaciais pelas
quais Teresina tem passado nos últimos 30 anos, tendo em vista o contexto da Geografia
urbana nacional, especialmente, pós-constituição e estatuto da cidade, onde são eleitos
preceitos como a descentralização administrativa ,a democratização da gestão e do
planejamento urbano e o cumprimento da função social da cidade, em face das crescentes
demandas dos diversos agentes responsáveis pela produção do espaço urbano, notadamente os
mais pobres. Diante das discussões propostas em face dos atuais paradigmas do planejamento
urbano no Brasil, do cenário do crescimento urbano e das transformações socioespaciais da
capital, dos critérios estabelecidos e das distorções verificadas na delimitação espacial das
regiões administrativas , bem como das análises comparativas com regionalizações adotadas
em várias cidades brasileiras, a presente pesquisa constata que a regionalizações intraurbanas
adotadas pela prefeitura municipal de Teresina denotam estar ultrapassadas, necessitando de
uma ampla revisão. Tanto no que diz respeito a necessidade de um maior fracionamento dos
recortes espaciais, elevando o número de regiões administrativas, como também quanto aos
critérios propostos que devem considerar a complexidade do espaço urbano teresinense em
suas múltiplas dimensões: geográficas, sociais, econômicas, culturais, históricas e ambientais.
Além disso, verifica-se a necessidade de que a regionalização amplie suas finalidades para
que possa servir como um instrumento de descentralização, democratização da gestão e do
planejamento, buscando o cumprimento da função social da cidade. A pesquisa também
constatou que há uma utilização inadequada do termo “zona” quando é empregado para
denominar os recortes espaciais visando descentralização administrativa, visto que essa não é
uma das finalidades do zoneamento urbano, mas sim da regionalização. O termo “zona” tem
sido empregado, historicamente e juridicamente para delimitar formas de uso e ocupação do
solo urbano. Enquanto que o termo “região” tem sido para designar unidades espaciais
administrativas. Portanto, o que temos em Teresina tanto do ponto de vista legal quanto
conceitual para fins de descentralização da gestão e do planejamento, são “regiões” e não
“zonas”.