DIAS, Kamila Maciel. Efeito da suplementação dietética com extrato tanífero de Acacia mearnsii na produção, composição química e perfil de ácidos graxos do leite de ovelhas e vacas em pastejo. 2016. 147 f. Tese (Doutorado em Ciência Animal – Área: Produção Animal) – Universidade do Estado de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, Lages, 2016.
Os taninos condensados podem reduzir a degradabilidade das proteínas, melhorar a eficiência do uso do nitrogênio (N) e o perfil de ácidos graxos do leite. A suplementação com extrato tanífero de acácia negra (Acacia mearnsii) pode aumentar o fluxo de proteína metabolizável (PM), reduzir a excreção
urinária de N, o teor de N ureico sanguíneo e emissões de metano. Além disso, o extrato tanífero de Acacia spp pode aumentar as concentrações de ácido vacênico e reduzir as concentrações de ácido esteárico no fluido ruminal. No entanto, nenhum trabalho avaliou o efeito do extrato tanífero de acácia
negra no perfil de ácidos graxos no leite de ruminantes e a maioria dos trabalhos in vitro and in vivo, com outras fontes de tanino, normalmente têm mostrado resultados contraditórios. A maioria dos estudos com acácia negra a suplementação foi de forma involuntária, não avaliou o efeito deste tanino no
desempenho de animais em lactação, utilizaram animais no início da lactação ou dietas com baixo teor proteíco. O objetivo deste trabalho foi investigar o efeito da suplementação voluntária com tanino de acácia negra na produção, composição e perfil de ácidos graxo (AG) do leite e excreção N de ovelhas e vacas em lactação em pastejo de pastagens com alto teor de proteína. Três experimentos foram conduzidos
entre Janeiro de 2013 à Fevereiro de 2014. O primeiro experimento testou dois níveis de suplementação de tanino de acácia negra (0 e 20 g de extrato tanífero/kg de concentrado; controle e T20) em 24 ovelhas em lactação pastando uma pastagem formada predominantemente por trevo branco (Trifolium repens) e suplementadas com silagem de milho (1 kg/dia) e concentrado (600 g/dia). O segundo experimento foi
conduzido com dieta similar ao primeiro experimento, porém testou três níveis de acácia negra (0, 30 e 40 g de extrato tanífero/kg de concentrado; controle, T30 e T40) em 24 ovelhas em lactação. O terceiro experimento testou dois níveis de acácia negra (0 e 15 g de extrato tanífero/kg de ração parcialmente misturada-RPM; controle e T15) em 30 vacas em lactação, suplementadas com RPM (600 g/kg de concentrado e
400 g/kg de silagem de milho) e em pastejo de pastagens formadas predominantemente por festuca. O delineamento experimental de todos os experimentos foi completamente casualizados, nos quais os níveis de suplementação do controle, T20, T30, T40 e T15 foram, respectivamente, equivalente a zero, 0,8, 1,2, 1,5 e 1,5% do consumo de matéria seca total (CMST). Amostras individuais de leite para análise de
composição química foram coletadas nos dias 1, 3 e 5 do período de avaliação e somente no último dia de cada período para análise e perfil de AG, o qual foi analisado por cromatografia gasosa. O CMST, produção e composição química do leite, N ureico sanguíneo e excreção urinária de N foram similares no primeiro e segundo eperimento, exceto o teor de N fecal do grupo T30 e T40 foram aproximadamente
9% superior ao tratamento controle (P=0.053). Houve uma redução no consumo de silagem de milho e concentrado no grupo T30 mas não houve diferenças na produção de leite e peso vivo. No terceiro experimento, o consumo de pastagem e RPM foram similares entre os tratamentos. A produção e
composição química do leite, as concentrações de AGNE, N ureico sanguínero e excreção urinária de N não foram afetados pelos tratamentos. Houve um aumento nos teores de 6:0, cis-12 18:1, trans-12 18:1 e trans-10, cis-12 CLA no tratamento T20 e um aumento linear de 17:0, cis-9 17:1, trans-10 18:1, cis-9,
trans-11 CLA no leite das ovelhas dos tratamentos T30 e T40. Houve somente um aumento de 18:2 n-6 e 20:0 no leite do tratemento T15. O maior teor de N fecal, quando a proporção de extrato tanífero foi ≥9 g/kg do CMST, sugere um desvio da rota de excreção de N da urina para as fezes, mostrando que a
suplementação com extrato tanífero pode ter um amplo impacto no teor fecal de N em dietas ricas em proteína e consequentemente reduzir a contaminação ambiental. A suplementação com 12 e 16 g de extrato tanífero de acácia negra/kg do CMST aumentou os teores de N fecal e aumentou os teores de AG benéficos à saúde humana sem prejudicar o desempenho de ovelhas em lactação.