A distrofia muscular de Duchenne (DMD) é uma doença recessiva, sistêmica, ligada
ao cromossomo X, por alterações no gene da distrofina, afetando o sexo masculino.
É caracterizada por fraqueza muscular progressiva, retrações articulares, perda de
deambulação, e óbito precoce. A fisioterapia clássica não focaliza o
comprometimento do tecido conjuntivo concomitante à evolução da doença. A
Estimulação Espacial Dinâmica da Fáscia (EEDiF) visa promover, manter e/ou
recuperar ‘prontidão fascial’ para redistribuição proporcional de tensões e de espaço
corporal. Objetivo: Verificar efeitos de EEDiF na flexibilidade, equilíbrio dinâmico,
força de preensão palmar, e qualidade de vida em pacientes com DMD. Método: 10
pacientes, sexo masculino, 7 a 12 anos (média 9,19 DP 1,88) receberam10 sessões
de EEDiF, uma por semana, durante 10 semanas. Avaliações foram feitas pré- (t0) e
pós-intervenção (t1), incluindo: Amplitude de movimento articular (ADM), usando
flexímetro; Equilíbrio Dinâmico, usando Escala de avaliação ambulatorial ‘North Star’
(NSAA), Teste de andar 6 minutos (TA6M) e Functional Evaluation Scale (FES): Gait
Domain; Força de preensão palmar, usando dinamômetro de bulbo; Qualidade de
vida, pelo questionário Kidscreen-52 versões Paciente e Cuidador; e relatos de
mães. Resultados: Do total, 70,96% das variações de ADM aproximaram do padrão
de normalidade; havendo simultaneamente aumento (45,16%), manutenção
(4,84%), e redução (50%) de ADM, em diferentes articulações. Em NSAA houve
aumento médio na pontuação geral (16,90/34 para 17,70/34), redução do tempo em
‘correr 10-metros’ (9,70 para 9,60-s) e aumento do tempo em ‘levantar do solo’
(17,86-s para 20,29-s). Em TA6M houve aumento médio na distância (253 para 265
metros), cadência (614,3 para 627,8 passos) e comprimento do passo (41,2 para 42-
cm). Em FES: Gait Domain, houve ganho funcional em 11 itens (36,66%) e
manutenção em 15 itens (50%). A força de preensão palmar aumentou na primeira
preensão: mão direita (30%) e mão esquerda (23%), reduzindo nas preensões
posteriores; mão esquerda mais forte. Em Kidscreen-52-versão paciente houve
melhora de 53,86% - domínios ‘Saúde e atividade física, Estado emocional,
Autopercepção, Ambiente escolar e Provocação/bullying’, mantendo ‘Autonomia e
tempo livre’; na versão cuidador houve melhora de 71,15% - domínios ‘Saúde e
atividade física’, Estado emocional (estatisticamente significantes), Autopercepção,
Aspecto financeiro, e Ambiente escolar’. Os relatos de mães realçaram aceitação ao
tratamento, redução de dor e quedas, melhor qualidade do sono, disposição para
brincar, e no comportamento relacional. Discussão: Os participantes mais jovens
alcançaram melhora superior. Conclusão: Estimulação Espacial Dinâmica da fáscia
(EEDiF) possibilitou recuperar e manter funcionalidades e aspectos de qualidade de
vida em pacientes com DMD, especialmente os mais jovens, com potencialidade
multidimensional para o manejo fisioterapêutico da doença.