Objetivou-se avaliar diferentes metodologias experimentais utilizadas em ensaios de nutrição de ruminantes. Para tal, cinco metodologias experimentais foram testadas e apresentadas nesta tese em quatro capítulos distintos. No primeiro capítulo, objetivou-se avaliar a recuperação fecal dos indicadores internos matéria seca indigestível (MSi), fibra em detergente neutro indigestível (FDNi) e fibra em detergente ácido indigestível (FDAi) e compará-los como estimadores da excreção fecal de matéria seca (EFMS) e digestibilidade da matéria seca (MS) em relação aos valores observados na coleta total de fezes em ensaios com ovinos confinados. Para tal, foram avaliadas 82 unidades amostrais oriundas de dois experimentos. Os indicadores internos foram quantificados nos alimentos fornecidos, nas sobras e nas fezes dos animais. A recuperação do indicador foi determinada pela comparação da quantidade de indicador consumida e excretada. A EFMS e a digestibilidade foram determinadas a partir da quantidade de indicador consumido e da concentração deste nas fezes em coleta pontual diretamente do reto dos animais e os valores foram comparados aos valores observados com a coleta total de fezes a partir de contrastes ortogonais. Avaliou-se também o viés médio, o coeficiente de concordância da correlação e o quadrado médio do erro de predição. Para todos os procedimentos estatísticos, fixou-se em 0,05 o nível crítico de probabilidade para o erro tipo 1. O indicador MSi apresentou recuperação fecal completa (100,03%) e foi eficiente em estimar a EFMS (482,9 g/dia) e a digestibilidade da MS (54,2%) em relação aos valores observados na coleta total de fezes (454,7 g/dia e 56,1% para EFMS e digestibilidade da MS, respectivamente). Os indicadores FDNi e FDAi não apresentaram recuperação total nas fezes e não foram eficazes na estimativa da EFMS e digestibilidade da MS. No segundo capítulo, objetivou-se avaliar a eficácia da utilização dos sacos de tecido-não-tecido (TNT) para analisar teor de fibra em detergente neutro (FDN) de subprodutos regionais. Para tal, utilizou-se como padrão o método convencional que utiliza cadinhos filtrantes no processo de filtração do resíduo. Foram analisados 74 subprodutos regionais quanto à concentração de FDN pelo método
convencional (uso de cadinhos filtrantes) e pelo método alternativo (uso de sacos de TNT). As amostras foram colocadas nos sacos ou nos cadinhos e estes foram colocados em frascos plásticos com tampa rosqueada, utilizando-se sempre a proporção de 100 ml de solução de detergente neutro para cada 1 grama de amostra. Os frascos foram levados para autoclave e após solubilização dos componentes não fibrosos foi quantificado o resíduo recuperado em cada um dos métodos. Os procedimentos de avaliação do uso do TNT basearam-se no ajustamento do modelo de regressão linear simples dos valores observados sobre os preditos, sendo as estimativas dos parâmetros de regressão testadas pela hipótese de nulidade conjunta. Avaliou-se também o viés médio, o coeficiente de concordância da correlação e quadrado médio dos erros de predição. Para todos os procedimentos estatísticos, fixou-se em 0,05 o nível crítico de probabilidade para o erro tipo 1. Não foi observada diferença entre as concentrações de FDN determinada pelos diferentes métodos. Ao se avaliar os valores de desvio padrão, observou-se uma menor variabilidade dos dados quando obtidos com a utilização do cadinho. Desta forma, conclui-se que a utilização de sacos de TNT é uma alternativa para reduzir custos e tempo despendido nas análises de FDN, entretanto esta apresenta uma menor precisão quando comparada à técnica original com o uso do cadinho filtrante. No terceiro capítulo, objetivou-se avaliar a redução do número de dias de coleta de fezes para determinação da excreção fecal de matéria seca (MS) e parâmetros de digestibilidade, além de avaliar o consumo de matéria seca de ovinos confinados com a realização de análise única ou análises periódicas dos alimentos fornecidos e das sobras do cocho. Para avaliar a redução do número de dias de coleta de fezes utilizou-se 32 unidades experimentais as quais foram coletadas as fezes diariamente e os valores médios de 5, 4, 3, 2 e 1 dia foram comparados, com utilização de contrastes ortogonais, quanto à excreção fecal de MS e digestibilidade da MS. Para avaliação da redução no número de análises para determinação do consumo de nutrientes, utilizou-se 276 amostras de alimento fornecido e sobras oriundas de 3 experimentos de desempenho com ovinos confinados, que foram analisadas de forma individual por período ou em amostra composta dos períodos experimentais. Os métodos de amostragem foram comparados pela análise de variância. Para todos os procedimentos estatísticos, fixou-se em 0,05 o nível crítico de probabilidade para o erro tipo 1. Avaliou-se ainda o Viés Médio, Coeficiente de Concordância da Correlação e o Quadrado Médio do Erro de Predição dos métodos utilizados. A excreção fecal de MS e a digestibilidade da MS
não* apresentaram diferença entre os menores número de dias de coleta em relação à coleta em 5 dias, entretanto com a avaliação dos parâmetros de regressão observou-se que a utilização de maior número de dias proporciona resultados mais confiáveis. A determinação dos valores de consumo de nutrientes não foi afetada pela utilização de apenas uma análise de alimento fornecido e sobras com amostra proporcional de todos os períodos experimentais. Por fim, no quarto capítulo, objetivou-se avaliar a adequação de sete modelos não lineares (France, Orskov & McDonald, Gompertz, exponenciais simples e bicompartimental e logísticos simples e bicompartimental) no ajuste da curva e na geração de parâmetros de produção cumulativa de gases de cinco alimentos tropicais (casca de arroz, cana-de-açúcar, raspa de mandioca, resíduo de nabo e resíduo da pupunha) utilizados na nutrição de ruminantes. Para tal, realizou-se a incubação in vitro, em triplicata, dos alimentos em seringas de vidro graduadas junto com solução tamponada de inoculante. A leitura da produção de gases foi realizada nos tempos 0, 2, 4, 6, 8, 10, 12, 24, 26, 28, 30, 32, 36, 48, 52, 54, 56, 60 e 72 horas. Os dados gerados foram utilizados para estimação dos parâmetros de cada modelo com auxílio do pacote estatístico SAS. Após a geração dos parâmetros foram obtidos valores de volume de gases nos tempos supracitados, para cada modelo, e estes foram comparados aos valores observados na incubação com auxílio do programa Model Evaluation System (MES). Para comparação, testaram-se os parâmetros de regressão pelo teste de Mayer, além da avaliação dos valores de viés médio (VM), coeficiente de concordância da correlação (CCC) e quadrado médio do erro de predição (QMEP). Os modelos de France, Logístico e Gompertz, para casca de arroz, além do modelo de Orskov & McDonald, para raspa de mandioca, foram significativos (P<0,1) ao teste de Mayer, indicando falta de ajuste do modelo. Os modelos que apresentaram ajuste segundo o teste de Mayer, além de apresentarem os menores QMEP, foram o Logístico Bicompartimental para a casca de arroz e raspa de mandioca e o Exponencial Bicompartimental para cana-de-açúcar, nabo e pupunha. Sendo assim, os modelos não lineares bicompartimentais são os mais eficientes no ajuste da curva e na estimação de parâmetros de produção cumulativa de gases dos alimentos testados.