Pellets são pequenos grânulos de resina com poucos milímetros (>5 mm), produzidos e utilizados em grande escala, que estão entre os resíduos sólidos mais encontrados em praias em todo o mundo. São materiais persistentes e geralmente adsorvem compostos químicos, representando uma forte ameaça para a fauna marinha e o ambiente costeiro em geral. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a densidade de pellets na camada superficial do sedimento em praias do litoral de São Paulo, tentando estabelecer uma relação entre a distribuição espacial ao longo do litoral paulista e a distância de uma fonte emissora de pellets. Testamos a hipótese de que os pellets presentes na camada superficial estejam concentrados nas proximidades da zona portuária de Santos, por se tratar do principal emissor de pellets da região. Em seguida, testamos a toxicidade dos pellets para organismos marinhos e alguns fatores que colaboram para tal toxicidade, coloração, local de coleta (praia) e a densidade encontrada nas praias do litoral paulista. Para determinar a distribuição de pellets no litoral paulista, foram selecionadas doze praias do litoral de São Paulo, com diferentes distancias do Porto de Santos. Os pellets foram coletados na camada superficial de areia (5 cm), no limite superior do pós-praia, com vinte réplicas por praia. Para os testes de ecotoxicidade, foram coletados pellets em duas praias de regiões contaminadas e duas com menor nível de contaminação, de maneira ativa e manual. Os testes de ecotoxicidade foram realizados com ouriços do mar (Lytechinus variegatus), anfípodas (Tiburonella viscana) e copépodes (Nitokra sp.), em ensaios para toxicidade aguda e crônica. Observou-se um gradiente decrescente de densidade de pellets ao longo do litoral paulista, tanto para as praias do norte, quanto para o sul do Porto de Santos, com maiores densidades dentro da Baia de Santos, onde o porto está localizado. Além da distância portuária, diversos outros fatores podem ter influenciado na dispersão de pellets na costa de São Paulo, entre eles fatores ambientais não testados neste trabalho, como a direção do ventos e das correntes superficiais da região e a geografia da costa, que aparentam ser fatores importantes a serem avaliados para a dispersão de pellets nas zonas costeiras. Pellets apresentaram toxicidade crônica para ambos os organismos testados (L. variegatus e Nitokra sp.) em densidades extremamente altas, no entanto não foram capazes de conferir toxicidade aguda nas densidades encontradas no litoral paulista e literatura (T. viscana). A alta variabilidade da concentração de contaminantes adsorvidos em cada pellet pode ser um fator de maior influência para a toxicidade de pellets, do que o fator densidade testado neste trabalho.