Os agonistas alfa 2 adrenérgicos são sedativos empregados na rotina clínica de
ruminantes, e têm, entre outras, a vantagem de possuir antagonistas específicos, que
aumentam a segurança no uso destes medicamentos. Tendo em vista a escassez de
estudos acerca dos parâmetros hemodinâmicos e respiratórios em ovinos em posição
quadrupedal e submetidos à sedação com xilazina ou dexmedetomidina com posterior
reversão pelo atipamezole, realizou-se o presente estudo. Para tanto, foram utilizados
12 ovinos, machos, com idade entre um e dois anos, peso médio de 37,7kg,
distribuídos em dois grupos de seis animais que foram submetidos a dois tratamentos
distintos com média de três semanas de intervalo, em estudo do tipo prospectivo,
encoberto e aleatório, sendo designados como Grupo XILA (cloridrato de xilazina 0,2
mg/kg IM) e Grupo DEX (cloridrato de dexmedetomidina 15 μg/kg IM). Para a
instalação do cateter de artéria pulmonar os animais foram anestesiados com auxílio
de máscara facial com isofluorano em oxigênio, e na sequência foram intubados e
mantidos sob anestesia com o mesmo agente até o fim da instrumentação. Após a
recuperação anestésica foram avaliados os parâmetros hemodinâmicos,
hemogasométricos e respiratórios durante os primeiros 60 minutos com os animais
em posição quadrupedal, para obtenção dos parâmetros basais. Finalizada esta
avaliação, os animais foram submetidos aos protocolos de sedação segundo o seu
grupo. Os parâmetros foram verificados e registrados aos cinco (S5), 15 (S15) e 30
minutos (S30) após sedação, e, após a aplicação de 30 μg/kg IM de atipamezole aos
cinco (R5) e 15 minutos (R15). Foram avaliados frequência e ritmo cardíaco, pressão
arterial sistêmica, parâmetros hemodinâmicos, frequência respiratória,
hemogasometria arterial e venosa mista, temperatura central, glicemia e grau de
sedação. Os índices ventilatórios e hemodinâmicos foram calculados. O período de
latência em XILA e DEX foram 3,9 e 5,2 minutos. A xilazina promoveu sedação mais
intensa, com diferença significativa entre os grupos aos 5 e 15min após sedação (momentos S5 e S15). Após a sedação, observou-se redução significativa da
frequência cardíaca nos dois grupos, que refletiu no débito cardíaco, índice cardíaco
e pressão arterial média. Houve elevação não significativa da resistência vascular
sistêmica em ambos os grupos, mas que após o atipamezole ficou significativamente
mais baixa no grupo XILA. A xilazina causou taquipneia, que foi inibida após o
atipamezole. Não houve alterações clinicamente importantes nos valores de PaCO2,
PaO2, SaO2 e nem nos índices de ventilação, indicando que não ocorreu hipoxemia,
hipercapnia ou hipoventilação durante a sedação. A glicemia elevou-se de maneira
significativa nos dois grupos mantendo-se elevada mesmo após o antagonista. Após
administração do atipamezole os animais levaram 10,0 e 11,7 minutos para ficarem
em posição quadrupedal e 19,3 e 30 minutos para reversão dos efeitos da xilazina e
da dexmedetomidina, respectivamente. Tanto a xilazina como a dexmedetomidina
promoveram sedação segura, com poucos efeitos hemodinâmicos e
cardiorrespiratórios, sugerindo que a administração pela via intramuscular seja
adequada para sedação de ovinos com xilazina ou dexmedetomidina.