ALONSO, Wagner de Lima. A música nos filmes Um dia qualquer e Brutos inocentes de
Líbero Luxardo. 2016. 138 fls. Dissertação (Mestrado em Artes) – Programa de PósGraduação
em Artes, UFPA, Belém.
Nesta pesquisa, exploramos, com base nos filmes ficcionais Um dia qualquer e Brutos
inocentes de Líbero Luxardo, ambos integrantes do chamado Ciclo Amazônico de sua produção
de cineasta, as relações entre música instrumental e cena em sua síntese, naquilo que se pode
afirmar não ser mais apenas imagem e tampouco música isoladas, mas um amálgama
característico da linguagem cinematográfica, ou das expressões. Nesse estudo, que se inscreve
na linha de pesquisa Trânsitos e estratégias epistemológicas em artes nas amazônias,
pretendemos explicar o processo de criação cinematográfica de Líbero Luxardo ao utilizar a
música nos filmes do Ciclo Amazônico referidos; contribuir para as pesquisas teórico-reflexivas
sobre o cinema a partir da produção local; e colaborar para a difusão da relevância da música
na constituição da linguagem cinematográfica. Dessa maneira, consideramos, neste trabalho,
um filme como obra singular, dotada de autonomia, capaz de estabelecer um texto em que a
leitura seja engendrada pelas características de sua narrativa e seus dados visuais e sonoros.
Para realizar o estudo, não empregamos integralmente nenhuma proposta metodológica
fundada em pré-concepções, antes utilizamos um modelo diverso, fundado na Filosofia que nos oferece uma abordagem do objeto denominada Fenomenologia, a qual julgamos mais adequada
ao nosso trabalho, por valorizar um modo de tentar dizer o que as coisas são pela sua descrição
enquanto fenômeno, por entender que o exterior e o interior das coisas coincidem, ou seja, que
uma coisa é como ela é, de tal modo que, se desejarmos dizer o que algo seja, devemos percebêlo,
contatá-lo como fenômeno, como algo que se processa em nosso campo perceptivo e, a
seguir, sem pré-noções, descrevê-lo. Essa abordagem norteará todas as etapas descritivas.
Assim, nosso percurso na análise dos filmes foi direcionado pelo seguinte ciclo: identificação
das sequências do filme nas quais há música instrumental incidental; descrição das imagens das
sequências selecionadas; descrição da música das mesmas sequências; identificação das
relações entre música e imagem; e, finalmente, comentários sobre as relações entre imagem e
música em cada cena, relacionando-os, quando possível, com a bibliografia sobre o assunto.
Também consideramos que os filmes de Luxardo devem ser tomados como obras inscritas
numa história das formas e estilos cinematográficos, assim, na última etapa proposta,
estabelecemos um diálogo das relações identificadas entre música e imagem de seus filmes
estudados com algumas teorias existentes sobre o tema, e utilizamos como pressupostos
teóricos, principalmente, Carrasco (2003), Chion (2011, 2015), Matos (2014), Radigales
(2008), Tragtenberg (2008) e Xalabarder (2013), signatários da ideia de que música e cena em
suas relações ampliam as possibilidades de significações e ressignificações na percepção do
espectador. As teorias que subsidiaram a pesquisa foram obtidas por pesquisa bibliográfica em
meios impressos e digitais. Com esse modelo, buscamos um equilíbrio entre o o entre o teor
interpretativo dos comentários e o fornecimento de informações que possam torná-los
verificáveis, estimulando o debate e a continuidade da construção desse conhecimento.