As plantas de interesse forrageiro apresentam, dentro das limitações genéticas, alterações
estruturais e qualitativas conforme as variações de clima, solo e oferta de forragem, as quais
podem influenciar no consumo e desempenho animal. A seleção de plantas pelos animais
pode sofrer influência da oferta de forragem. Objetivou%se avaliar a estrutura da vegetação, o
valor nutritivo de plantas e a atividade biológica dos taninos condensados (TC) de plantas de
interesse forrageiro sob pastejo ou de ocorrência espontânea em diferentes sites ao longo das
Zonas fisiográficas do estado de Pernambuco, bem como seletividade de ovinos em Caatinga
manipulada. No experimento I, coletas de plantas de ocorrência natural foram realizadas em
oito sites de Pernambuco, durante os anos de 2013 e 2014, no período chuvoso. Foram
avaliadas a composição botânica da pastagem (CB), solo descoberto (SD) e altura das plantas,
bem como teores de proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN) e ácido (FDA),
lignina (LDA), matéria mineral (MM), extrato etéreo (EE), digestibilidade (DIVMS), relação
carbono/nitrogênio (C/N), fósforo (P) e TC. Também se estimou a supressão de metano
(CH4), inibição da migração larval (LMI), massa molecular (Mw) e relação
Procianidina:Prodelfinidina (PC:PD). Ao longo dos oito sites de coleta no estado de
Pernambuco, as famílias que se destacaram foram as gramíneas e leguminosas, participando
em 22,2 e 33,0% da CB, respectivamente. O SD foi maior no Sertão (31,8%) do que no
Agreste (14,2%) e Zona da Mata (10,8%). A altura das plantas herbáceas foi menor no Sertão
(29 cm) do que no Agreste (69 cm) e Zona da Mata (104 cm). Entretanto, as plantas lenhosas
foram maiores no Sertão (160 cm) do que no Agreste (145 cm) e Zona da Mata (105 cm). As
plantas apresentaram variação no valor nutritivo, com média de PB (19,8 g kg%1), FDN (49,7 g
kg%1), FDA (27,0 g kg%1), LDA (11,3 g kg%1), EE (3,5 g kg%1), TC (45,8 g kg%1), C:N (16,4),
DIVMS (71,5 g kg%1). A supressão de CH4 médio foi maior nas plantas do Sertão (5,5 mM) do
que no Agreste (6,1 mM) e Zona da Mata (8,4 mM), sendo plantas coletadas em Flores em
2013 e Pesqueira em 2014 com maiores supressões de CH4, 2,8 e 2,5 mM, respectivamente.
Os TC das plantas foram efetivos na LMI com média de 21,3 ± 9,3%, Flores com maior LMI
(33,4%) em 2013 e Sertânia (35,7%) em 2014. A relação PC:PD média foi de 74:26, com
maior em plantas coletadas em Flores (100:0), Serra Talhada (93:7) e Pesqueira (85:15).
Bezerros foi o único site que apresentou maior PC:PD (48:52). A Mw de plantas do Sertão
(1476 Da) também foi maior do que no Agreste (1333 Da) e Zona da Mata (1099 Da),
destacando plantas em Serra Talhada (1719 Da) e Sertânia (1753 Da). No experimento II,
ovinos foram submetidos a quatro ofertas de forragem (OF) [2,0; 2,5; 3,0 e 3,5 kg de matéria
seca (MS)/kg de peso vivo (PV)], em Caatinga raleada com presença marcante de Mororó
($
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(Bong) Steud.) e Capim%buffel (&%
L.) e enriquecida com
Capim%corrente ('&
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! (Hack.) Dandy). Determinou%se o valor nutritivo e
bioatividade dos TC de Mororó, bem como o índice de seletividade através da composição
botânica da pastagem e da dieta de ovinos, a partir de técnica microhistológica das fezes. Com
relação aos resultados do experimento sob pastejo, a composição botânica da pastagem foi
influenciada (#≤0,05) pelas OF e pelo ano. De forma geral, gramíneas tiveram maior
participação na pastagem. Em 2013, à medida que diminuiu a OF, gramíneas aumentaram sua
participação, enquanto que leguminosas diminuíram, sendo o inverso em 2014. De forma
geral, os ovinos consumiram mais dicotiledôneas em todos os tratamentos. Com referência ao
índice de seletividade e aos anos estudados, as gramíneas foram 49,8% mais selecionadas em
2014, e as dicotiledóneas foram mais selecionadas em 2013. A Mw e relação PC:PD foram de
1158 Da e 95:5, respectivamente. A composição química do Mororó apresenta potencial para
a nutrição de ruminantes, com até 17,5 g kg%1 de PB, bem como seus TC (de 0,3 a 167,1 g kg%
1) podem suprimir o CH4 (4,5 a 10,7 mM) e reduzir a motilidade larval (de 3,0 a 28,5%).
Desta forma, a caracterização estrutural e qualitativa é diversa na vegetação, coletada nas
diferentes Zonas fisiográficas, com plantas de potencial forrageiro que apresentam bom valor nutritivo, com efetiva atividade biológica dos TC. Diferentes níveis de OF em área de
Caatinga promove mudanças na composição botânica da pastagem como consequência da
mudança do hábito alimentar de ovinos. O Mororó apresenta bom valor nutritivo para animais
ruminantes, bem como atividade biológica efetiva dos TC. Assim, dependendo da finalidade
para o qual Mororó é utilizado, se como forragem apoiando a nutrição animal, ou como
ferramenta ambiental apoiando a redução de helmintos e CH4, ofertas de forragens podem ser
utilizadas em diferentes níveis.