Os interferentes endócrinos, como o bisfenol A (BFA), representam um risco quando interagem com sistemas fisiológicos, causando alterações no desenvolvimento e reprodução dos organismos expostos a essas substâncias. Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos de BFA, através de testes de toxicidade aguda e crônica, a partir de parâmetros fisiológicos, reprodutivos, comportamentais e bioquímicos em neonatos e adultos de Pomacea lineata. Para determinação da concentração letal (CL50 96 h) de BFA, adultos e neonatos foram divididos em 6 grupos com 1, 5, 10, 15 e 20 mg/L de BFA, diluídos na água dos aquários, e um controle. Estas concentrações foram baseadas em trabalhos com gastrópodes e valores máximos encontrados em rios poluídos. A CL50 96 h nos adultos foi de 11,09 mg/L, adicionalmente foram visualizados efeitos subletais como comportamentos letárgicos, sem respostas a estímulos mecânicos, nos grupos com 15 e 20 mg/L, e aumento nos níveis da enzima aspartato aminotransferase em concentração de 10 mg/L. Referente aos neonatos, a CL50 96 h foi de 3,14 mg/L, também foram observadas reduções significativas (p < 0,05) nas frequências cardíacas dos grupos 15 e 20 mg/L. Para o teste de toxicidade crônica, adultos foram submetidos a concentrações de 1 mg/L de estradiol (E2), 10% (1 mg/L) e 50% (5 mg/L) da CL50 96 h de BFA obtida no teste agudo, e um grupo controle. Durante os 4 meses do teste crônico, foram observados parâmetros reprodutivos, como o ato de cópula nos grupos 1 e 5 mg/L de BFA e desovas no grupo controle. Na análise comportamental, os grupos com 5 mg/L de BFA e 1 mg/L de estradiol exibiram alterações das frequências de atos no estado inativo com diferenças significativas (p < 0,05) em comparação ao controle. Para os componentes do perfil bioquímico da hemolinfa, não foram observadas diferenças significativas pelo teste de Tukey (p > 0,05). Diante dos resultados, o BFA se mostrou um potencial agente tóxico em relação aos parâmetros fisiológicos, reprodutivos, comportamentais e bioquímicos de Pomacea lineata. Não foram encontrados níveis de BFA em rios pernambucanos, mesmo o Rio Capibaribe sendo considerado muito poluído. Adicionalmente estes dados contribuem com o entendimento do modo de ação do BFA em invertebrados e alerta os órgãos públicos para a criação de normas sobre o despejo destes interferente endócrino em efluentes.