O arroz e seus derivados são importantes fontes de elementos essenciais e não essenciais. Os elementos essenciais como ferro e selênio são vitais para manter vários processos bioquímicos. Por outro lado, elementos não essenciais, como por exemplo, o arsênio (As), podem estar presentes em alimentos à base de arroz e, consequentemente, expor a população. A exposição de populações mesmo a baixas concentrações de As pode levar a graves consequências para saúde humana, especialmente crianças e celíacos que consomem alimentos à base de arroz. O objetivo desse estudo foi determinar a concentração de As em produtos à base de arroz (macarrão, doces, biscoitos, barra de cereal, farinha, pão, leite e mingau) e papinhas infantis, bem como estimar a ingestão diária de As e avaliação in vitro da bioacessibilidade através do consumo destes alimentos no Brasil. As determinações totais e bioacessíveis para As foram realizadas usando ICP-MS. Para o estudo de especiação, a técnica utilizada foi HPLC-ICP-MS. As concentrações de As nos alimentos à base de arroz variaram entre 15,8 e 101,3 μg kg-1. Já nas papinhas infantis contendo arroz, os valores ficaram entre 4,2 e 16,0 μg kg-1. Considerando os dados da especiação química, amostras de macarrão, farinha e mingau apresentaram a seguinte concentração de As inorgânico (As-i): 79,7; 63,4 e 34,3 μg kg-1, respectivamente que representa 39,4; 56,8 e 33,5 % da concentração total de As. Já as papinhas infantis as concentrações de As-i foram de 17,5 e 22,8 μg kg-1. A especiação revelou que As-i, forma mais tóxica, está presente em 100% das amostras analisadas. Praticamente todas as amostras apresentarem uma fração bioacessível maior que 50 %. O que demonstra o potencial bioacessível do As em amostras à base de arroz incluindo alimentos infantis. O Brasil segue padrões e normas internacionais desenvolvidos pelo Codex Alimentarius para contaminantes em alimentos como o As em arroz. Parâmetros de segurança alimentar, bem como regulamentos e código de práticas para a agricultura e processamento de alimentos, devem ser adotadas no futuro visando a melhoria de avaliação de risco.