O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos farmacológicos da adrenalina e
do levosimendan sobre do índice de performance miocárdica do ventrículo esquerdo
em pacientes submetidos a revascularização do miocárdio (RVM) com circulação
extra-corpórea (CEC). Foi realizado um ensaio clínico, aleatório e duplamente
encoberto. Foram avaliados 81 pacientes de ambos os gêneros, com idade entre 45
e 65 anos distribuídos aleatoriamente em dois grupos, que receberam adrenalina na
dose de 0,06 mcg.kg1.min-1 (grupo adrenalina – 39 pacientes) ou levosimendan 0,2
mcg.kg1.min-1 (grupo levosimendan – 42 pacientes) durante o desmame da CEC. Os
dados hemodinâmicos foram coletados 30 minutos após a intubação traqueal com
tórax fechado (pré-CEC) e 10 minutos após o término da protamina (pós-CEC). Foi
avaliado quanto ao desfecho primário o índice de performance miocárdica do
ventrículo esquerdo pelo Doppler pulsátil. Os desfechos secundários foram as
avaliações sistólicas e diastólicas do ventrículo esquerdo e os níveis plasmáticos de
troponina I e creatino-quinase fração B no pós-operatório. Foram excluídos 2
pacientes do grupo adrenalina e 6 do grupo levosimendan. Não houve diferença
estatística entre os grupos com relação aos dados demográficos e fatores de risco
pré-operatório. O grupo adrenalina apresentou menor índice de performance
miocárdica do ventrículo esquerdo (p=0,0013), maior índice cardíaco (p=0,03),
menor resistência vascular sistêmica indexada (p=0,01) e maior frequência cardíaca
(p=0,04), quando comparado ao grupo levosimendan no período pós-CEC. O grupo
adrenalina apresentou maior incidência de desmame da CEC em primeira tentativa
quando comparado ao grupo levosimendan (95% vs 85%, p=0,0001). O grupo
levosimendan necessitou de mais suporte vasopressor com noradrenalina do que o
grupo adrenalina no período pós-CEC (16% vs 47%, p=0,005). Vinte e quatro horas
após a cirurgia, os níveis plasmáticos de troponina I (grupo adrenalina: 4,5 ± 5,7 vs.
grupo levosimendan: 2,5 ± 3,2 g/dl; p=0,09) e CK-MB (grupo adrenalina: 50,7 ± 31
vs. grupo levosimendan: 37 ± 17,6 g/dl; p=0,08) não apresentaram diferenças entre
os dois grupos. Concluiu-se que, os pacientes tratados com adrenalina
apresentaram menor índice de performance miocárdica do ventrículo esquerdo no
período pós-CEC imediato quando comparado ao levosimendan, promovendo um
eficiente desmame da CEC em pacientes submetidos à revascularização do
miocárdio com circulação extra-corpórea.