Este texto apresenta resultados de uma pesquisa qualitativa sobre Educação em Direitos Humanos, desenvolvida em uma escola pública de Ensino Fundamental, de maneira a indicar possíveis respostas para as questões centrais que nortearam este trabalho: (a) Instituições de Ensino Fundamental desenvolvem Educação em Direitos Humanos? (b) Essas instituições aplicam as ações educacionais previstas no Plano e no Programa Nacional de Educação em Direitos Humanos? e (c) Quais são as noções dos profissionais da Educação e dos discentes participantes da pesquisa, sobre direitos humanos e Educação em Direitos Humanos? Participaram da pesquisa treze profissionais da Educação, sendo sete docentes, uma supervisora, uma vice-diretora, uma secretária escolar, uma cantineira, uma porteira e uma bibliotecária e mais 26 discentes. Os dados foram obtidos por intermédio dos questionários e das observações feitas na referida escola, assim como dos documentos analisados, o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (2006) e o Programa Nacional de Educação em Direitos Humanos, especificamente a terceira versão desse Programa, também conhecida como PNDH-3 (2010). Para a análise dos dados coletados, ancorada nas referências bibliográficas, especialmente, Benevides (1994); Comparato (2003); Dallari (2004), Herkenhof (1994), Morais (1998), Bobbio (2004) e Piovesan (2012), foram estabelecidos quatro eixos temáticos (1) Noções de Direitos Humanos e de Educação em Direitos Humanos; (2) Educação Escolar e Educação em Direitos Humanos; (3) Formação de professores em Direitos Humanos; (4) Ações em Direitos Humanos. Os achados da pesquisa permitem afirmar que a noção mais recorrente sobre direitos humanos, tanto para os profissionais da Educação quanto para os discentes, está no respeito à dignidade humana. No entanto, essa compreensão não foi construída incorporando todas as dimensões contidas na noção moderna de direitos humanos. Além disso, a aplicabilidade das práticas em direitos humanos estava presente no cotidiano escolar, de forma restrita e com pouca frequência, na mediação dos conflitos e nas ações de desrespeito em sala de aula. As observações neste espaço escolar mostraram o desrespeito por meio de falas racistas, de preconceitos e de práticas de bullying entre os discentes. A ausência da Educação em Direitos Humanos, na escola pública estudada, deve-se, essencialmente, a três motivos: falta de formação dos profissionais da Educação nessa temática; ausência de materiais pedagógicos sobre esse assunto e a crença desses profissionais de que tal Educação seja uma tarefa essencialmente para o professor do Ensino Religioso. Assim, as reflexões acerca das questões investigativas deste trabalho permitiram-nos constatar que a escola pública estudada não incluiu Educação em Direitos Humanos na Educação Escolar. Embora esses profissionais reconheçam a relevância da temática direitos humanos nos processos educativos, não há aplicabilidade da maioria das ações previstas no Plano (2006) e no Programa (2010). A análise dos dados mostrou, também, que mesmo não existindo a Educação em Direitos Humanos nessa escola, há interesse, por parte dos profissionais da Educação, em se aprofundar no tema para poder colocá-lo em prática na referida escola, pois acreditam que esse tipo de Educação pode provocar mudança nas atitudes de desrespeito aos direitos humanos dos discentes.