A tricomoníase é uma infecção sexualmente transmissível curável, causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis. No Brasil, a prevalência varia de 1,9% a 37,5%, dependo da população estudada e das técnicas de diagnóstico empregadas. A infecção pelo protozoário está associada a diversas complicações de saúde reprodutiva, incluindo o aumento à exposição ao Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Os objetivos deste estudo foram determinar a frequência e os preditores de risco da infecção por T. vaginalis, entre as mulheres HIV positivas e negativas, atendidas no Ambulatório de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), correlacionando com os níveis de carga viral e contagem de linfócitos CD4, além de comparar a sensibilidade e especificidade do exame direto e do cultivo in vitro, utilizados no diagnóstico. Foi realizado um estudo transversal com 267 mulheres, durante os meses de janeiro a dezembro de 2015. As pacientes foram entrevistadas e as amostras foram colhidas para detecção de T. vaginalis através da cultura em meio Diamond e exame a fresco. Esfregaços com conteúdo vaginal foram coletados e corados pela técnica de Gram. A prevalência da tricomoníase entre as mulheres estudadas foi de 6,4%. Entre as mulheres HIV positivas, a prevalência foi de 3,9% e nas HIV negativas, foi de 7,9%, dados estatisticamente similares (p≤0,05). Foram fatores de risco significativos para a infecção, o tabagismo (OR= 3,52), o prurido vaginal (OR=4,43) e a presença de vaginose bacteriana (OR= 5,29). Adicionalmente, foi constatado elevado índice de desconhecimento (90,3%) sobre a tricomoníase na população estudada. Do total de infectadas, verificou-se que 17,6% eram assintomáticas. Os sinais e sintomas mais frequentes foram corrimento vaginal, prurido e odor fétido. O status HIV, bem como o nível de CD4 e carga viral não foram associados à infecção pelo protozoário entre mulheres HIV soropositivas. Em relação à comparação entre técnicas, verificou-se que o exame a fresco, usado como rotina, detectou 47,05% das infectadas. A prevenção da tricomoníase, assim como outras DSTs, na população, é uma grande iniciativa, que pode ser feita, entre outras medidas, através da orientação em saúde pública.