A resistência antimicrobiana é um problema comumente encontrado em medicina humana e veterinária. Agentes como Klebsiella pneumoniae, Salmonella enterica e estafilococos coagulase-negativa (ECN) são alvo de pesquisas na detecção e identificação de genes de resistência aos antimicrobianos. O presente estudo visou estabelecer o perfil de resistência fenotípico e genotípico em: (i) amostras de S. enterica isoladas de animais domésticos e pacientes humanos no Estado de São Paulo; (ii) amostras de K. pneumoniae isoladas de fezes e leite de bovinos leiteiros em rebanhos Brasileiros; e (iii) amostras de ECN isoladas de leite bovino de rebanhos leiteiros Canadenses. Ainda, estudar associações entre os respectivos perfis e a origem dos isolados, os diferentes sistemas de produção, os estratos de células somáticas do tanque, e estabelecer associações entre a utilização de antimicrobianos e resistência aos mesmos em isolados de ECN. Neste projeto, 166 isolados de K. pneumoniae oriundos de 24 propriedades leiteiras, 153 S. enterica oriundos de carcaças de frangos de corte e pacientes humanos e 1.859 amostras de ECN isoladas de leite de vacas em rebanhos Canadenses foram submetidos ao antibiograma e à detecção molecular de genes de resistência, associados ao respectivo perfil. Ainda, foram obtidas associações dos perfis de resistência com a origem dos isolados. No caso de S. enterica, resistência foi comumente observada para estreptomicina, tetraciclina, combinação de sulfametoxazol / trimetoprim e amoxicilina. Os genes mais comumente encontrados de acordo com estes perfis foram aadA, tetC, sul1 e blactx-m, sendo este, para nosso conhecimento, o primeiro relato do gene qnrB em S. enterica isolada de humanos no Brasil. Os perfis observados foram distintos em isolados humanos e animais corroborando com estudos prévios que demonstram diferentes mecanismos de resistência em medicina humana e veterinária, com o primeiro demonstrando maiores proporções de resistência para diversas drogas. Nos isolados de K. pneumoniae, foi detectada uma associação entre a origem do isolado (leite ou fezes) e a resistência para estreptomicina, cloranfenicol, tetraciclina e sulfametoxazol. Perfis multirresistentes foram observados apenas em isolados de origem clínica (leite mastítico). Os genes comumente encontrados incluíram tetD, tetB e sul2. Tratando-se de isolados de ECN, resistência às sulfonamidas foi o perfil mais comumente observado (18,65%) seguido pela penicilina, tetraciclina e eritromicina (11,95%, 11,29% e 6,5% respectivamente). Entre as Províncias Canadenses, Alberta apresentou a menor prevalência de resistência às sulfonamidas, apesar de a prevalência de isolados multirresistentes ter sido constante nas diferentes Províncias. Nos diferentes tipos de instalações, isolados de tie-stalls tiveram maior chance de serem multirresistentes em comparação com isolados de free-stall. A utilização de antimicrobianos foi associada à presença de isolados multirresistentes, especialmente no caso do cloranfenicol e macrolídeos. Os genes blaZ e mecA (beta-lactâmicos), str e aadE (aminoglicosídeos), ermA e ermC (macrolídeos), tetK e tetL (tetraciclinas) foram os mais comumente observados.